Eu nunca quis você na minha estante
Eu nunca te quis na minha estante. Nunca quis você pendurada em um móbile, ao bel prazer do vento e dos meus dedos que fariam você flutuar de lá pra cá. Talvez a minha intensidade e meus arroubos românticos a façam pensar isso, ou façam os outros pensarem isso. Mas nada mais longe da verdade. Eu me sinto atraído por inteligência, por atitude, por independência, por liberdade. Eu não quero e não conseguiria amar nem conviver com alguém dependente de mim, que se anulasse e cedesse a quaisquer caprichos que eu pudesse vir a ter. Eu não os teria, mas, caso os tivesse, não gostaria de alguém que cede sempre.
Companheirismo, cumplicidade, “be there”, tudo isso são coisas bem diferentes de querer ser dono de alguém. Eu sei que, olhando de longe, a minha intensidade parece outra coisa. O fato de eu querer te ver o tempo todo, falar com você o tempo todo, não tem a ver com ciúmes ou com posse. Eu não quero que você seja minha, quero que você esteja comigo. Eu não quero a sua vida, quero te dar metade da minha. Nunca pensei em te controlar nem tirar a sua espontaneidade. Fazer isso seria tirar algo da equação perfeita que fez eu me apaixonar por você. E querer mudar isso seria querer mudar o objeto da minha paixão. Não faria sentido.
Eu nunca ia querer deixar de ter você ao meu lado sem toda a sua franqueza em me dizer coisas que ninguém tem coragem de me dizer, nem sem a sua autenticidade de falar que está apaixonada um minuto depois de dizer que nós não temos nada a ver. Muito menos sem a sua espontaneidade de dizer que acordou com saudades às sete da manhã. Eu nunca ia tentar mudar você para que você se adequasse a mim, assim como nunca ia te querer em uma coleira. A não ser que você queira. Cada um com seu fetiche. Mas sabe por que eu não ia querer nada disso? Porque se eu tentasse te mudar, essa não seria você, e, hoje, você é tudo o que eu quero.
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