Eu quero um amor que desperte o invisível
A insônia da madrugada fria me levou a escrever essa carta. Não sei bem o porquê, mas senti essa forte vontade de escrever algo que me parecesse certo. No começo, apenas uma pergunta rondava minha cabeça: ainda te amo? Que se estendeu logo: por que eu ainda te amaria depois de todos os tropeços? O amor alguma vez foi suficiente? Tive que dar a resposta para mim mesma.
Não é amor. Não mais, pelo menos.
Já comentei que a noite está fria? Por breves três segundos, senti saudades de enroscar meu pé nas suas pernas. De acomodar meu corpo dentro do seu abraço e sentir o seu calor me inundar. Bom, essa saudade não mais aperta. Não traz consigo aquela avalanche de sentimentos reprimidos. Levanto, calço a minha meia e sei que me basto.
Porque senti muito enquanto acreditava em um nós. Senti sozinha e doeu. Eu quis que você fosse o meu porto, a minha segurança. A busca pelo pedaço que me faltava, fez com que em você eu despejasse expectativas tão minhas. Naturalmente, as lágrimas vieram.E foram tantas que me impediram de enxergar aquilo que estava tão nítido.
Eu precisava de mais do que conseguiria me oferecer naquele momento. O que eu tinha não era suficiente para despertar em você a reciprocidade. Eu precisava me encontrar antes de te deixar habitar em mim. Precipitei meus passos. Culpei a mim. Culpei você. Culpei o universo por mais uma vez sabotar o que para mim deveria ter sido um conto de fadas.
Hoje, as lágrimas secaram. Sua partida me deu a chance de procurar estradas que eu não conhecia. Estou aqui construindo um mundo repleto de experiências e aromas novos. O sorriso encontrou finalmente o seu caminho. A liberdade de ser apaixonada por mim mesma não me deixa espaço para viver o restrito, o mesquinho, a buscar migalhas. E agora, agarrada a um lápis mordido, tenho a certeza de que o amor desperta o invisível. Ele transborda de um jeito lindo. Ele vem farto. Vem ao montes.
Não, não é mais amor.
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