#ForçaFran – A história da menina que “caiu na net”
Bom, creio que nos últimos dias em nossa internet brasileira, não houveram assuntos mais comentados que o roubo da moto, o qual foi abordado essa semana pelo Fábio, e o vídeo, meme, piadinhas, etc sobre o caso da garota Fran.
Embora eu me sinta o Rubinho Barrichello da internet tratando desse assunto já tão saturado e tardio, creio que ainda haja espaços para reflexões sobre o tema.
Para aqueles que ainda não estão por dentro do assunto, tentarei sintetizar em poucas palavras: basicamente uma garota chamada Fran foi filmada no ato sexual com um amante. Durante o ato, entre trocas de palavras excitantes, Fran faz um gesto de “OK”, sinalizando que desejava penetração anal. Foi o que bastou para a expressão feita por ela ser usada pelos quatro cantos.
Páginas em redes sociais foram criadas com uma velocidade inimaginável e a curiosidade sobre o tal vídeo contaminava praticamente todo universo masculino.
Sejamos sinceros, o vídeo não me causou perplexidade sob qualquer ângulo. Inicialmente não sou moralista para condená-la por ter feito um vídeo. “Ai Allan, mas ela se deixou ser filmada.” E daí? Para começar, a maioria dos homens em algum momento da vida já pensou em fazer a mesma coisa com sua namorada, affair, esposa, etc. Homens são seres que se excitam por imagens, e ainda – indiscutivelmente – existe uma indústria pornográfica que nos causa certo fetiche em nos sentirmos um ator de filme pornô em algum momento de nossas vidas. O consentimento dela em ser filmada não pode sequer taxá-la de puta ou depravada. Pois, quando uma mulher ama um homem – e vice-versa – , nada mais natural do que querer satisfazer um fetiche dele, e não há nada de errado nisso. Vou mais adiante, vídeos desse tipo são mais comuns do que podemos imaginar.
Já sobre o “desempenho” da Fran no vídeo, também vi muita gente novamente colocando-a num pedestal de julgamentos. Cobertas sob o véu do moralismo pude notar como principalmente muitas mulheres são preconceituosas quando se trata de sexo em plena era da informação: Dar o cu? Puta. Deixar gozar na boca? Vadia. E por aí vai. Não me levem a mal, mas o sexo em si não é algo que podemos dizer ser limpo ou bonitinho – a não ser que Walt Disney faça uma animação de suas princesas fazendo amor. Na verdade existe toda uma veia animalesca por trás que nos faz agir feito bichos na hora H movidos por impulsos, instintos, hormônios, etc.
Do outro lado da história estamos nós homens. E homem quando dá para ser babaca é algo genuíno, especialmente quando estamos somente entre nós. Vi muitos comentarem sobre o desempenho sexual dela com ares de José Wilker comentando sobre a entrega do Oscar de Hollywood, outros com ares de Dr. Robert Rey sobre a genitália dela e por último o time dos fodões discípulos do Kid Bengala ensinando seus pupilos como deveria ser feito, ou mesmo utilizando a história como um gancho para contar suas aventuras sexuais com muita soberba.
Concluindo, acho necessário dizer de novo: eu não sou moralista. Vi o vídeo, achei excitante sim, mas acabou. Talvez algo de maior valor que eu tenha aprendido, e continuo nesse processo de aprendizagem, seja o fato de vestir o sapato do outro. Não tenho irmã, mas e se fosse a minha? Ou minha prima? Eu não sentiria vergonha caso algum amigo comentasse comigo a respeito? Eu não sentiria vontade de meter um soco na cara de cada um que fizesse o tal gesto de “OK” para me zoar?
Da mesma forma com que a coisa se espalhou rapidamente, sei que também já está se dissolvendo da mesma maneira. Portanto, fica evidente que as mulheres não estão mais safadas ou putas. O que o tal episódio nos traz de lição é que ainda existe muito homem filho da puta suficiente de trazer a público algo que nunca deveria ser exposto, além de outros carentes de atenção dispostos a fazer piada publicamente do assunto a fim de conseguir 15 segundos de atenção e uma aura, besta, de descolado.
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