Irmão, está na hora de largar as fraldas!

As três desculpas furadas que eu mais tenho escutado por aí: “Foi tudo culpa da bebida!”, “Você é muito boa para mim!” e “Não era para acontecer!”.

Será que o povo perdeu a vergonha na cara? Eu juro pela minha tartaruga que prefiro caminhar pela Avenida Paulista fantasiado de pirulito a ter que dizer qualquer uma dessas canalhices. Não vai me dizer que você é do tipo que as usa? Porra, irmão! Que tal tirar a Pampers e começar a agir feito homem?

Culpa da bebida? Ah vá! Então você está me dizendo que o Jack Daniel´s apontou uma pistola para a sua cabeça e disse: “Bráulio, ou você come a sua secretária, ou, sem hesitar, eu transformarei o seu cérebro em arte abstrata!”. É isso? Não? Ah, já sei: a bebida enfraqueceu o poder de ação do seu superego e deixou você mais suscetível àquelas coxas apetitosas moldadas à base de whey protein? Acertei? Deixa o Freud pra lá, maluco. Assuma a sua incapacidade de controlar o seu tesão. Be a man, motherfucker. Ou eu vou obrigar você a assistir ao DVD dos Teletubbies em looping eterno. E aí, qual vai ser?

Você é muito boa para mim? Sério que costuma usar essa? Juro que estou com vergonha alheia. E juro pelos temakis que tanto amo. Então você está me dizendo – sem ao menos ficar com as bochechas vermelhas – que largou da moça por ela ser demasiadamente boa. Se ela fosse um carro você faria o mesmo? Não se faça de louco! Faria mesmo? “Irmão, eu estou trocando a minha Ferrari por um fusca porque ela é muito boa para mim”, é isso? Ah, agora acho que entendi! “Garçom, por favor, você pode trocar esse risoto delicioso por um bife queimado acompanhado por batatas fritas no óleo de trator?”. Tem certeza, senhor?”. “Absoluta! É que o risoto está muito bom para mim!”. Porra, irmão, VSF! NÃO FAZ SENTIDO. Até um suricato perceberia que isso não passa de uma desculpinha, e que você, meu caro, não passa de um covarde, bunda mole e incapaz de assumir as suas cagadas e arcar com os reflexos de suas decisões.

O que foi? Engula o choro! Ah, então você vai chamar o seu pai para me bater? E daí que ele é mais forte do que o meu? Se você chamar, eu serei obrigado a ligar para o meu irmão que é campeão de supino, categoria batata-doce plus! Vai chamar o seu tio que é ninja? Ninja? Hahahahahahaha! Para de ser bobo, véi! Os ninjas – assim como os tatus-bola e os mamutes – não existem mais.

Não era para acontecer? Se pá é a pior de todas as desculpas da galáxia, sério. Só perde para abdução usada para justificar falta em prova. Como bem contou o Geraldo Vandré: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Saca? A verdade é que você não quer mais que aconteça, e que, por isso, resolveu colocar a culpa no universo ou em agentes invisíveis responsáveis por roteirizar destinos. Poupe-me! Sério, irmão, você não tem ideia da raiva que sinto quando ouço um “não era para acontecer”. Prefiro ouvir Parangolé! Ou a música (música?) Carrel, do Latino. O tal do “não era para acontecer” é frase de tia-avó desesperada para consolar a sobrinha-neta. “Não fica assim, querida. Não era para acontecer! Vou preparar um chazinho bem gostoso para você, tá?”. A diferença é que as tias-avós falam tal asneira cheias de boas intenções e querendo, a todo custo, afastar as mágoas dos entes queridos. Mas, e você, mano, diz por quê? Porque é frouxo, respondo. Você diz isso porque é bem mais cômodo colocar a culpa em alguém que não está aí para se defender, como o cosmos ou sei lá que outra caralha metafísica. Você tem cara de ser o tipo de hamster que diz: “Baby, nós estamos em timings muito diferentes, e, devido a isso, acho melhor terminarmos logo”. Né? Não vai assumir? Foda-se. Eu sei que diz. Essa parada de timing é ótima para quem não quer se adaptar, mexer a bunda. Pois quando um cara quer, de fato, não existe timing capaz de segurá-lo. Nem distância. Nem obstáculo. E você sabe bem do que estou falando! Ou já se esqueceu do dia chuvoso em que viajou – embriagado e montado em um monociclo bambo – mais de trezentos quilômetros só para conferir a calcinha de uma mocinha pepecuda? Vai me dizer que o timing era perfeito?

Por fim, antes de você tomar o seu tetê morninho, eu gostaria de reforçar uma coisa: os ninjas NÃO existem mais! Ouviu bem? NÃO exist…

Caralho, truta, como você entrou aqui? Já sei: aprendeu com os pernilongos que vivem a invadir o meu quarto! Como assim não está aqui para brincar? Ai, carái, isso fura de verdade! Por favor, seu ninja, desculpe-me. Eu imploro! Este texto só foi escrito por culpa da bebida, sério. Guarda essa espada, mano. Eu ainda tenho que escrever mais dois textos hoje. E salvar crianças ninjas que foram sequestradas!

Ninjas existem! Ninjas existem! Ninjas existem! Ninjas existem! Ninjas existem e são seres mais pirocudos do que africanos bem-dotados! Ninjas existem e merecem massagens grátis feitas por escritores que não querem morrer! Vamos esquecer isso? Como não, cara? Se você não contar para ninguém, eu dou uma pegadinha no seu peru, que tal? Deixa de ser rancoroso, seu ninja! Poxa, não é hora de acontec…

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