Isso não era hora de você aparecer na minha vida

Eu sei que esse papo parece mentira. Sei que dá raiva e sei que revolta. Confesso que até pensei em fugir dessa conversa para preservar os bons sentimentos que você ainda tem por mim, mas eu preciso admitir que quase tudo se resume àquele velho clichê. Nunca pensei que fosse dizer isso na vida e até cogitei mudar as palavras para florear o discurso, mas a verdade, acredite se quiser, é que o problema sou eu, não é você!

Não vou dizer que você é o cara dos meus sonhos porque hoje eu já gastei toda a minha cota de clichê. Você não é o cara dos sonhos; mas é quase. Eu poderia facilmente ajustar os meus sonhos a você.

Você é quase tudo o que eu sempre quis e eu confesso que em condições normais de temperatura e pressão eu já estaria ensaiando a caligrafia do nosso convite de casamento e escrevendo o nome das crianças à mão. Minha mente é meio fantasiosa, você sabe. Não é exagero não.

Mas sabe, eu não tô bem. Aqui dentro tá a maior confusão. Tô revendo tudo. A faxina tá pesada. A gente tá levantando os tapetes, arrastando os móveis e enchendo os sacos pretos para doação. Não quero que você veja essa bagunça. Eu me importo com você e só quero te apresentar para a minha vida quando acabar a confusão.

O problema é que eu não sei quando acaba. Quanto mais a gente mexe, mais poeira acha. Eu sei que de longe não parece, mas eu ando muito, muito bagunçada.

Espero que você entenda, mas se não entender, eu entendo o não. Agora não é a nossa hora. Eu ando meio egoísta e gente egoísta não presta para você. Infelizmente é isso: agora, quem diria, sou eu que não presto não.

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