Meu coração é uma casa sem paredes

Sou de deslumbramento fácil, sou aquele que deixa o zíper do coração bem aberto e escancarado. Sou do tipo que imagina uma vida inteira com uns olhos que me deram atenção sincera, me apaixono sempre, inclusive quando digo: “Nunca mais vou me apaixonar de novo”.

Você não sabe quantas vezes eu quis me fechar para o mundo, quando vejo o quanto sou desajustado, quando os sonhos esfarelam pelos meus dedos e vejo que os sentimentos que criei são apenas um fruto doce da minha imaginação. Quando isso acontece eu corro para minha casa de dentro, decidido a me trancar para sempre, tranco a porta do meu coração, mas meu coração é uma casa diferente, uma casa sem paredes.

Talvez meu destino seja sentir, não me formei em nada (por isso virei escritor) meu peito é uma inquietação constante e parei de lutar contra isso, parei de escutar os especialistas que querem colocar em mim as cordas de marionetes, dane-se eu não vou me contentar com coisas pequenas, com migalhas de amor, com pequenas chamas, eu quero banquete, quero um incêndio.

Quero viver como se estivesse indo embora daqui (estou), por isso quero viver com gula até o último minuto.