Que tal parar de falar em “término” em vão?

por Duda Costa

A vida continua sendo esse eterno jogo de erros e acertos. Já aceitei que tropeçar faz parte da caminhada e pode até ser divertido para quem sabe rir de si mesmo e tem a habilidade de levar a vida com otimismo e bom humor. Percebi que é nos tropeços que a gente aprende a levantar dando risada para a vergonha não piorar, mas confesso que há certos erros que ainda insistem em me envergonhar. Uma dessas vergonhas é de todas as vezes em que eu, cheia de prepotência e mimimi nos meus relacionamentos, fiz aquela ameaça banal de mesmo sem querer, falar em terminar.

Sempre que eu me lembro das vezes em que entoei aquele ameaçador “Então vamos terminar!” a cada briguinha à toa, meu rosto até aquece de vergonha. Sinto vergonha porque eu conheço bem o poder das palavras. Sinto vergonha porque eu sei que usá-las em vão não é certo. Sinto vergonha porque sempre fui loucamente apaixonada pelas pessoas que me cercam e deveria ter aprendido que é preciso valorizar a presença delas na minha vida e fazê-las perceber que qualquer discussãozinha boba não é motivo para eu abrir mão de tê-las por perto.

Com o tempo a gente aprende. Aprende que não é legal banalizar as palavras. Não é saudável subestimar o valor delas. Aprende que é preciso entoá-las com carinho e cuidado porque elas têm a surpreendente capacidade de ser o pior dos golpes ou o melhor dos afagos.

Término é uma palavra muito séria numa relação para ser proclamada assim em vão, como se o afeto fosse descartável e as pessoas de quem gostamos se tornassem dispensáveis de uma hora para a outra, sem qualquer reflexão. Finais são difíceis. São duros. São traumáticos. É triste que ora ou outra nós sejamos tão desonestos a ponto de acharmos que anunciar um fim em tom de ameaça seja solução para qualquer problema que poderia ser resolvido com um pouco de carinho, cumplicidade, bom senso e compaixão.

No fim das contas, depois de muito tropeçar, a gente acaba sempre percebendo que o melhor da vida são as pessoas que nós temos por perto. Nesses tempos de palavras importantes entoadas em vão, talvez seja importante lembrar que não é bom correr o risco de perder as pessoas que amamos por palavras duras e fujonas que insistem em escapar no calor da emoção. Términos devem ser respeitados e brigas bobas, meus queridos, a gente resolve com amor, humildade e uns bons bocados de paixão.

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