“Meu primeiro amor” um filme sobre as descobertas que valem a pena

O primeiro rufar do coração tem um frescor interessante, a malícia ainda é da cor verde, e tudo o que é essencial e saudável parece mais possível. Ainda não somos adultos, isso faz toda diferença. Porque os sonhos não têm caroço, tudo é mais fácil. No primeiro amor basta brincar de dar as mãos e depois imaginar o resto. É uma brincadeira tão ingênua quanto brincar de médico ou escritório. A gente inventa uma figura de representação e edita as complicações, até um dia percebermos que não eram cócegas.

“Meu primeiro amor” é essa cócega que vai se movendo em significado pelo prisma da amizade, sem a pressa. É uma pesquisa da infância das relações, e não apenas da infância, ou das relações. Nesse filme, a amizade colore com toques singelos tudo o que está para se transformar, uma cadeia de sentimentos silenciosa, que simplesmente acontece. Mas com o pano de fundo vagando pelo filme a todo tempo, algo ali sugere que a vida é um nascer e morrer diário, a decepção é um tipo de morte, assim como aquela flor, que acabou murchar.

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Vada (Anna Chlumsky) uma menina de 11 anos, possui um fascínio pela morte, tem uma mãe já falecida e um pai desatencioso que trabalha como agente funerário. Vada nutre uma paixonite pelo seu professor de inglês e frequenta um grupo de poesias para impressioná-lo. Ela tem um amigo chamado Thomas (Macaulay Culkin), alérgico a tudo – menos a ela. Quando o pai de Vada começa a ter uma paquera com outra mulher, ela passa a desenvolver um plano para separá-los. No meio disso, um amor (entra as duas crianças) que acontece sem se anunciar, tímido como um sopro discreto de respiração, como se a vulnerabilidade soubesse que cada etapa exige um diferente tipo de fôlego.

E tem aquela música inesquecível do “Temptations”, “My Girl”, uma das mais perfeitas orações sobre o amor em enamoramento com o cinema . “quando é frio lá fora, pra mim é mês de maio”.

Dos predicados mais importantes de se ressaltar nesse longa: a figura forte da menina, que se sobrepõe ao resto dos personagens – deve ser ariana. Seu ar descobridor, seu ímpeto pras decisões, a sensibilidade, a tintura de líder, e esse diálogo, que poderia acontecer em um dia comum, na mesa da sua casa, entre um pai e uma filha:

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“- Pai, não quero te preocupar, mas meu seio esquerdo está crescendo significantemente mais rápido que o direito. Isso só pode significar uma coisa: câncer. Eu estou morrendo.

– Okay, querida, me passe a maionese.”

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