Não guarde rancores

Guardar rancor é como se alimentar de algo estragado. Melhor jogar fora. Cheguei a escrever hoje que seria “mais fácil”, mas acho que não é por aí. Tem gente que se apega ao que foi ruim e fica ruminando aquilo, entende!? Como se fosse algo que não deveria ser esquecido, mas ressentido sempre que possível, só pra nutrir aquela lembrança.

Eu nunca vi ninguém se dar bem por levar algum tipo de rancor à diante. Vejo, sim, pessoas que depois tem o prazer de jogar na cara de alguém todo o mal que foi feito e fazer, daquele ato, uma libertação. Porém, ficar esperando a hora de se vingar é admitir que se prefere comer o prato frio. Se eu já detesto comida morna, quem dirá um prato frio.

Ninguém vai pedir para que você esqueça, mas te farão enxergar que é preciso se libertar da dor que ficou no passado. Manter na alma tudo aquilo que foi ruim é prolongar os efeitos de tudo que foi feito. É como se a pancada não doesse apenas na hora do soco, mas a cada vez que se faz questão de recordar que apanhou.

São socos seguidos. E de novo. E de novo. E de novo.

Quem bate esquece mais facilmente. É óbvio. Às vezes, um corte sem a mínima importância que fazemos em alguém provoca uma verdadeira infecção. E sem que percebamos, começamos a cultivar aquela enfermidade como se fosse alguma benesse que a Vida nos deu. Não, é preciso fazer da ferida, cicatriz. É preciso estancar. É preciso não se deixar levar pela tentação em sentir prazer na dor.

Nesse tipo de dor.

Então, se você acabar percebendo que a pessoa que um dia te fez mal acha que não o fez, não tente levar para a Vida o que foi causado. Liberte-se. Jogue fora. É o melhor a ser feito, ainda que seja doloroso deixar que alguém passe impunemente assim. Acredite: o universo se encarrega de retribuir tudo aquilo que é jogado para ele. Lei do retorno. E não precisa ser seu.

Você é muito melhor que qualquer vingança. E vingança, de verdade, é abstrair o que foi ruim e voltar a sorrir.

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