Não precisa ser amor
Não precisa ser amor. Você pode ligar, procurar, querer. Não precisa ser amor pro seu coração parar por um segundo quando ela manda mensagem, nem pra você acordar mais cedo e não voltar a dormir, porque, afinal, ela fica tão linda dormindo do seu lado, em paz, tranquila, como se tivesse no lugar mais seguro do mundo. E não ser amor não é demérito. Pode ser cedo demais, tarde demais, diferente demais. Não ser amor não significa que não seja especial. Só não é amor. Ainda. Talvez. Já. Pode nunca ser. Não precisa ser.
Não precisa ser amor pra cuidar, pra “me liga quando chegar?”. Não precisa ser amor pra ter saudades, pra apertar forte depois de uma semana sem ver, nem pra ficar com vergonha e falar entredentes um “eu estava morrendo de saudades”. Que diferença faz se não é amor quando vocês estão andando de mãos dadas e sorriem para uma criança, ou quando vocês estão em um lugar lindo, especial, e ela, ao admirar a vista, aperta a sua mão com força, como que querendo associar para sempre a sua mão àquele lugar especial.
Não precisa ser amor pra sentir a perna formigando e não se mexer porque ela está dormindo no seu colo e você não quer que ela acorde. Nem pra se pegar olhando pra foto dela por longos minutos sem conseguir entender como tanta beleza se encaixa em uma pessoa só. Tampouco precisa ser amor pra você, depois de ela falar que dirige bem, imaginar uma roadtrip romântica na Serra. O amor não tem a exclusividade das massagens nos pés, nem dos cafunés enquanto dirige nem de deitar no píer ao cair da tarde olhando a lagoa. Não precisa ser amor. Não precisa ser nada. Só precisa ser vocês dois. Mais nada.
E dá pra não ser amor?