O amor construído por nós

Você diz que está chegando e pede pra que eu abra a porta. Fico esperando seu sorriso surgir na escada, mas antes encho um copo com água – nunca gelada –, porque te conheço e conheço mais ainda sua sede. Sei que você vai direto pro banheiro lavar as mãos antes de colocá-las em meu rosto, vai deitar do lado direito da cama, que já tem o formato do seu corpo, e o lençol de elástico vai se soltar do colchão.

Não sou das mais observadoras, por isso jamais pensei que pudesse aprender tanto sobre alguém, mas sei descrever com exatidão a cara que você faria se eu te dissesse algo muito bonito. Na verdade, nem precisa ser tão bonito assim. Às vezes, quando eu falo demais você se esquece de ouvir e só consegue pensar em “como ela fica apaixonante falando sobre algo que gosta, mesmo eu não fazendo a mínima ideia do que significa” . Palavras suas, não minhas. E te acho incrível por isso!

Te acho incrível porque você prefere almoçar miojo, que fica pronto em três minutos, só pra poder passar mais tempo me abraçando antes da hora do meu trabalho. E porque você me acha linda quando acordo com a cara toda amassada sem saber onde estou e que dia é hoje. Porque você pegou um táxi da sua casa até a minha pra chorar em meu colo e aí eu percebi o tamanho do espaço que tinha conquistado dentro do seu peito. Naquele momento eu desejava pegar toda sua dor pra mim. Você costuma dizer que eu sou muito mais forte do que penso, mas minha fortaleza vai ao chão quando o máximo que posso fazer pra te ajudar é falar que “Vai ficar tudo bem, meu amor… Eu estou do seu lado”.

Eu, que sempre amei o silêncio da minha casa, descobri que amava ainda mais a sua voz transformando qualquer acontecimento do dia-a-dia em música. E vi que estávamos cada vez mais presentes na rotina do outro. Que tudo de bonito e colorido me lembrava você. E tem a lista de presentes que eu quero te dar. As viagens que quero fazer contigo. O mundo que antes queria desbravar sozinha e agora te quero do lado, porque nossa cumplicidade me faz mais forte e nosso amor me faz maior, mesmo eu já sendo gigante.

Quando tive certeza disse, pela primeira vez, que te amava, porque no momento em que me deparei com seus defeitos, percebi que poderia lidar e conviver com eles – inclusive amá-los também –. Fui abandonando a pessoa que tinha idealizado em você e conhecendo aquela de carne, osso, erros e acertos.

“Temos que amar aquilo que nos faz bem”, você me disse. E eu tenho orgulho do amor construído por nós.

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