O meu gostoso amor de domingo

As cortinas azuis do amor, hoje, nem mais balançam. Se fecham e pedem, imploram, para serem abertas pelo vento que hoje namora o sol. Dizemos amar a chuva, mas quando chove, tempestivas ou não, abrimos o guarda-chuva ou nos acolhemos em cobertas sem fim. Dizemos amar o sol, mas quando ele se mostra, procuramos o canto, o vento, o alívio. Dizemos amar o vento e suas solturas, mas, quando ele nos assovia, fugimos, fechamos as janelas e os ouvidos. Logo, tenho medo quando as pessoas dizem que sabem amar.

Será que amaremos? Será que seremos amados? Esperaremos um sorriso espraiado que combine com o nosso, ou criaremos sorrisos novos que se encaixem com os que já existem? A verdade é que o sorriso do palhaço nem sempre diz que ele tem a alma feliz, mas, que a busca na felicidade dos outros. Felicidade essa proporcionada por segundos de descuido e distrações, que involuntariamente, cooperam com a nossa ânsia de amar.

O amor-perfeito cai na alma-casa de quem se lembra de abrir a janela e deixar o sussurro do sol entrar após a chuva. E, quando o sol pedir o seu tempo, que consigamos respeitar e contemplar a chuva que também quer um pouco da nossa atenção. Não nos preparemos para a chuva, pois, assim perdermos as frestas de sol, nem ansiemos o passar da chuva, pois assim perderemos o perfume de terra molhada.

As esperanças fazem misérias com a nossa vontade de amar, então, que deixemos a vida levar, pois sabemos que tudo sempre passa, difícil é saber o que sobra.

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