O problema não sou eu
E, de repente, já não existem mais planos, projetos, uma casa decorada para abrigar o nosso amor, não tem férias de começo ou meio de ano, não tem mais cinema nas noites de sexta-feira, depois de uma semana inteira de saudade. Já não somos mais um. Somos, agora, alguns. Qualquer um. Perdidos, sozinhos em meio a outras dezenas de solidões vagando na multidão desta cidade.
É estranho para mim pensar que nós, simplesmente, acabamos, sabe?! É que eu, de uma forma singular, via um pra sempre nos nossos olhos. Como se depois que nos encontramos, tivéssemos zerado as nossas missões nesta vida. Como se o quesito amor tivesse aquele sinal verde que indica missão cumprida na lista de coisas a serem feitas.
Mas eu estava enganado. Mais uma vez. E só Deus é testemunha do quanto isso doeu. É como se, naquele momento, alguém me rasgasse ao meio. Partisse meu coração em mil pedaços como se faz com uma folha de rascunho.
Será que você acredita que nós não fomos felizes? Eu via tanta paz nos teus abraços… Sem falar nos teus beijos, no teu cheiro, no teu colo, eu… É isso mesmo que você quer? Fingir que nunca nos vimos? Que eu apague seu numero do meu celular junto com todas as nossas milhares de fotos e lembranças e cartas apaixonadas que trocávamos em cada data comemorativa?
Tudo bem. Eu não te entendo. Mas aceito. Não sei se você se lembra de tudo aquilo que eu te contava sobre o que me amedrontava nessa história de estar apaixonado. Não sei se você ainda se recorda de todas as minhas crises de insegurança, de achar que, de alguma forma, eu não era suficiente para você. Lembra? Então, obrigado. Obrigado por me ajudar a superar isso.
Com mais esse toco que recebo, consigo enxergar claramente por entre as lágrimas que escorrem dos meus olhos, que o problema não sou eu. Ou melhor, é. Sou. Eu costumo aceitar qualquer migalha de atenção que me dão e fingir que enchi a barriga.
Obrigado pelo nosso desencontro. Me perdendo de você, achei uma parte de mim que tanto procurava. Parece que a dor, depois que a ferida cicatriza, nos oferece uma nova pele. Mais firme. Grossa, mas não menos macia, só… Resistente. Você me fez perceber que eu posso, também, ir embora de uma história.
Que eu posso superar um holocausto e transformar isso em fábula. Tirar uma lição de moral disso tudo. Dessa vez, aprendi que amor próprio não significa deixar de amar alguém, mas sim, me amar mais do que esse próprio alguém.
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