O pulo
Como uma criança à beira da piscina, aí está você: repleta de dúvidas, incertezas e medos. Tenho certeza que aquele friozinho na barriga está tomando conta de você, afinal piscinas são tão iguais, mas ao mesmo tempo tão diferentes. Confesso que já estou aqui dentro, e se eu te contar como é aqui, perderá toda graça.
Eu sou assim, essa imensidão de sentimentos, que transbordam junto com a água cristalina. Não adianta querer colocar o pezinho para senti-la, isso não vai responder suas dúvidas. Assim como a água, posso ser frio como o mar da Ferrugem ou tão quente quanto aquela velha piscina infantil do clube.
Estou aqui, esperando por você, mas já vou logo avisando: se for para apenas desfrutar de minha companhia, nem pule – não quero ser somente alguém para teu carpe diem e dividir algumas contas, sou mais intenso do que isso, sou do tipo para dividir a vida toda.
Tenho críticas ácidas, elogios que podem variar do doce ao mais tarado trabalhador da construção civil e se você não estiver preparada para ouvir qualquer palavra dessas, digo novamente que não pule. Se for para vir de sexo morno, também digo meu bem, não pule. Quero poder extravasar contigo nosso lado mais irracional, enjaulados entre quatro paredes desse zoológico que pertencemos.
Se você como fêmea não consegue me imaginar como o macho que sou, e teu subconsciente não lhe diz que meus genes são os certos para procriarmos a espécie, por favor, não pule. Se você como mulher racional, ainda que sonhadora, jamais passou em teu pensamento que os nomes de nossos filhos seriam Anna e Henrique, ou se nossos sobrenomes combinam, continuo insistindo, não pule.
Mas se assim como eu, você sabe que a graça não se encontra na superfície, então eu enfim posso lhe dizer: por favor, pule. Não tenha mais medo, eu também estou aqui. Feche os olhos, confie e pule de cabeça, pois é só assim que de fato entramos de verdade.
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