O sofá-cama dela é meu Maracanã
Outro dia, depois de trocar a final do campeonato brasileiro por um DVD na casa daquela que é campeã intergaláctica de cafuné, fui chamado de biruta. “Como pode um homem preferir um filme à final do Brasileirão?“, questionaram em tom irônico, após um sonoro brinde e antes de iniciarem um longo coro de gargalhadas. Riram da minha cara como se eu tivesse perdido o pênalti que o Pato, feito um anêmico prestes a desmaiar, perdeu.
Apontaram para mim como se eu fosse uma espécie de aberração. Tentei argumentar, mas logo percebi que, por não a terem conhecido, eles nunca entenderiam a magia que emana daquele sofá-cama. Cheguei a pensar em encarnar meu próprio advogado de defesa, porém, logo descobri que não seria capaz de convencê-los. Pois, só quem já dividiu com ela, algumas muitas Pringles sabor barbecue no sofá-cama, está preparado para compreender o gosto insubstituível de um domingão na casa dela. Nenhum gol de placa vale mais do que aqueles que fazemos entre almofadas, copos de Coca-Cola e pratos sujos. Ela me dá bola e não preciso de nenhuma outra.
Quando estamos lá, no proposital aperto daquele sofá-cama, apesar de ouvi-los, não tememos os estampidos das balas perdidas. Sabemos que ninguém, nem mesmo os tiros, pode nos achar quando estamos em busca da melhor maneira de compactar nossos corpos e de fazê-los caber em nossos desejos. Quando estamos lá, disputando o mesmo delicioso espacinho do sofá-cama, esquecemos, mesmo que sem querer, tudo aquilo que queríamos antes de nos esparramar calculadamente por lá. Naquele sofá-cama, enquanto comemos as bordas frias da pizza que pedimos no dia anterior, torcemos por nós e para que aquela mistura de células nunca acabe. Enquanto a copa do mundo não vem, torço por nosso amor. E quando ela vier? Por nosso amor e para o Brasil, claro. Porque sou brasileiro e apaixonado.
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