Papo com a leitora: Cris, o casamento cedo e o amor que não vê há 10 anos

Oii Boa Tarde Frederico (evito abreviações rs)

Tomei coragem para contar um pouco de mim, da minha breve história de quase 32 (trinta e dois) anos.

Vou começar com meus quinze anos. Resumidamente, conheci um moço, namorei, noivei e caguei ops! Casei. Nada contra, mas também nada muito a favor de quem quer casar com dezenove anos, mas, sinceramente existem outras opções para se aventurar por aí, opções essas que não lhe comprometam o nome, o sonho e a vida. Posso estar sendo ou parecendo exagerada, mas casar para contrariar os pais, fugir dos olhos deles é furada. Quem dera eu tivesse levado um super puxão de orelha, quem dera eu tivesse escutado mais, falado menos… Queria que eu ontem fosse 50% do que sou hoje. Mas tudo bem, vivi, chorei e aprendi. Fiquei casada por três anos. Me separei com vinte e três anos, decidi viver um pouco já que era desprezada e tratada como uma qualquer. Podem não me achar nada interessante, não ligo, mas detesto se me acharem burra. Isso não.

Saí desse relacionamento pesando apenas quarenta e dois quilos, com anorexia, a base de remédios e com uma mão na frente e outra atrás. Mas com os ombros leves, com vontades e sonhos. Sem apoio, sem dinheiro, cursando faculdade… Confesso que até achei que não iria resistir.

Indo ao que interessa… Encontrei nesses dias cinzas uma pessoa normal. Aos olhos de todos. Charmoso, com um olhar arrebatador. Um sorriso de amolecer as pernas. E uma conversa deveras frouxa, sem muita novidade. Nossa amizade começou simples, eu consultora do O Boticário, ele policial militar recém chegado na cidade. Eu vinte e três e ele vinte e seis. Ele diz ter se encantado com meu jeito “Boneca, toda meiga, olhos castanhos claros, cabelo curto e alguma maquiagem… E eu por seu jeito galante e sotaque meio paulista e muito mineiro.”

Ficamos – na época – entre orkuts, msn, muitos créditos no celular já que minha operadora era Vivo e a dele Tim.

Ele me enviava mensagens de manhã desejando bom dia, minha linda, mensagens a tarde, quando eu não respondia dava um jeitinho pra me ver. Frio na barriga, brilho nos olhos, uma vontade só de ver de longe, de passagem. Madrugadas a fio. Cinema. Sem um beijo sequer… Só dois olhos se cruzando, mãos suadas e trêmulas. Me respeitava, mais do que devia até.

Nosso primeiro beijo levou três meses, foi mágico… O toque no rosto que de leve escorregou pelos lábios, os corpos se encostando devagar. Mas como nada é um mar de rosas, fomos perseguidos, julgados e meu pai não tolerava uma filha divorciada e agora namorando um policial.

Eu recebi uma mensagem no dia nove de novembro: Minha linda vou pra Sorocaba, voltando te ligo. Beijo.

Dia dez: Minha linda, quero te ver, não fui viajar.

Entre celulares sem crédito e sem bateria o desencontro. Nunca mais nos vimos. Até que no dia vinte seis do mesmo mês recebi a seguinte mensagem: Minha linda, pra sua segurança nunca mais irá me ver, eu sempre estarei aqui com você, sempre irei te ver… de longe.

Sim, isso aconteceu. E passaram-se cinco anos, casados e com filhos nos encontramos por redes sociais. Incrível como parecia nada ter mudado.
Hoje, sabemos que nos amamos, de um jeito nada comum… Como ele diz do nosso jeito, sem explicações. Intenso. Imenso. Mas sem cobranças, sem datas prévias. Assim, simples.

Ele lá e eu cá. Esperando as coisas acontecerem. Às vezes achamos que tudo vai passar, que se trata só de desejo ou capricho. Mas não. Tudo muda, menos os sentimentos. Aumentam, acrescentam. Tive que criar uma forma de me ver livre ou quem sabe mais presa ainda nessa história… Criei um blog, uma página, para gritar esse amor dentro de mim. Finjo não ser eu, mas é minha vida num layout, em palavras nem tão combinadas.

Ele diz que fui e sempre serei a única mulher que chegou dentro dele. Como a música do Martinho da Villa: Mulheres. Eu digo que ele me inspira, me pira, me motiva, mesmo em dias não tão bons. Acredito na possibilidade do reencontro. Ele ainda me vê de longe… Eu não. São quase dez anos.

Mas sinto ele tão perto, que só de olhar mesmo não sendo diretamente pra mim faz tudo mudar. Bom, já que ele me conheceu com pouco mais de vinte anos, hoje prezo por meu corpo, vai que nos reencontramos daqui dez ou vinte anos… rsrs!

Bjs, Frederico!

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Elaaaaaaaaia que história em Cris!

Calma estou pegando fôlego! Ishhhhhhh – esse sou eu pegando fôlego.

De início, confesso que achei muito legal o fato de você admitir, principalmente a si, que foi furada o casamento cedo. Não por um casamento cedo ser uma furada, mas, por sabermos admitir nossas “cagadas” e repensar mais, escutar mais… Escutar é ouro. E, convenhamos, nos fodermos – desculpa o termo – é uma oportunidade que a vida nos dá de amadurecer, não é? Hahaha!

Sobre a história com o Robocop – brinks – achei muito legal e sincera! Sabe, com o tempo aprendi que o sentimento nem sempre é o amor que vivemos, mas o amor que conversamos conosco. Mesmo depois de algumas desventuras. Esse amor é tão gostoso que não necessita de apego, de estar junto, mas de querer bem e pensar o bem. É um amor leve, sem apego, que emana energias positivas e mantem a paixão intacta e serena. E se as pessoas soubessem como isso é lindo…

Parabéns pela história, pela maturidade adquirida com o tempo e por ter conseguido continuar. E sempre, sempre: continue! Foi um prazer ler você. Ops, digo a sua história haha ;)

Grande beijo, Fred.

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Se você quiser enviar suas histórias, seja engraçada, surpreendente, bonita, triste, sexual, de amor, envie para: [email protected] com o título “Papo com a leitora: + Título” e um breve resumo da história antes do texto. Ah, e se tiver mande imagens. Queeeeeeem sabe essa ideia não pega? Ihaaaa

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