Perdido na noite
Era uma fria noite como qualquer dessas de inverno, talvez de terça-feira, quem sabe quarta. Acordo no meio da madrugada completamente perdido e inundado na escuridão do quarto, somente iluminado por aquelas inconvenientes luzes vermelhas de alguns aparelhos eletrônicos.
Em uma cama onde caberiam dois apaixonados, hoje filosofa apenas uma pobre alma egoísta fadada ao relento de cobertores e edredons: grandes para um, mas suficientemente pequeno para ser disputado por aqueles mesmos dois. Nem para esquerda, tampouco para a direita, o centro é o local seguro para repousar o travesseiro dessa noite. Quase já não lembro a sensação de haver um penhasco entre aquele canto direito e o chão. Em meio aos pensamentos, um em especial me vem à tona: quando foi que pronunciei aquelas três palavras pela última vez? E quando irei repeti-las?
Estou perdido, confesso. Não que eu precise acender a luz, olhar o relógio e a agenda para me encontrar. Por essa noite saber o dia e a hora não me interessa. Entre tantos sentimentos e pensamentos, por essa noite eu só gostaria mesmo de saber se estou mais próximo da última, ou da próxima vez que irei repetir aquelas temidas três palavras.
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