Pílula sem dia seguinte [+18]
Se eu soubesse que tudo terminaria assim, sem cores, teria feito isso antes. Essa é a última coisa que escrevo na minha vida; ao menos nessa vida.
Nos últimos anos fiz parte daqueles que a sociedade costuma chamar de ‘corja’. Sem maiores sentimentos, assassinei treze mulheres nos últimos dois anos. Não vou, não posso e não aguentaria me ater aos detalhes de todas as mortes. O que vocês precisam saber é apenas o modo como Aline morreu.
Os que lêem essa carta certamente sabem que dediquei toda uma vida à arte. Desde a adolescência exponho meus quadros em galerias. As telas sempre foram meu refúgio quando o mundo parecia não entender nada do que eu me dispunha a oferecer.
Aline foi uma das modelos mais belas que já tive o prazer de pintar. Sua pele era de uma maciez impressionante, seus olhos – negros e profundos – exerceram sobre mim algo inédito: a confiança. Nunca confiei em mulher alguma. Em pessoa nenhuma. Dessa vez era diferente. Eu parecia hipnotizado pelas imagens que via.
Com movimentos extremamente provocantes, Aline foi a mulata que mais me chamou atenção nessa vida. Seu quadril parecia encarar a vida inteira como uma dança. Mas o que eu não desconfiava é que a nega me trairia. Ela descobriu algo que, até o momento, não parecia ser do interesse dela.
“- Pê, é assim que você gosta de pintar suas musas? Quando elas ficam de pernas abertas é que você acha mais fácil de desenhar? Minha cabeça diz para eu parar de enfiar o dedo ass… ai. Minha cabeça diz pra eu parar de enfiar o dedo assim, bem fundo; que é pra você poder terminar seu trabalho. Você quer terminar o quadro hoje, Pê? Se quer, manda eu parar de bater. Manda, vai. Ordena pra eu tirar esses dois dedos de dentro de mim. Vem aqui e diz que não posso esfregar meu clitóris. Vem, seu cachorro.”
Foi com essa provocação que fui até ela como um animal. Deixei de lado a tela e sucumbi ao beijo daquela que estava há mais de uma hora nua, me provocando de todas as maneiras possíveis; me fazendo coçar a barba e pensar: Puta que o pariu!
Quando descobri o gosto do beijo da nega, algo no meu corpo já não era mais o mesmo. Seus lábios – carnudos e molhados – me engoliam de uma maneira que – naturalmente – fui dominado.
Com um movimento brusco e intenso, Aline sentou no meu colo e sorriu de forma que me automaticamente me excitou, logo em seguida achei motivos para me preocupar: em uma fração de segundos fui algemado.
– Eu sei de onde vieram aqueles quadros atrás do seu sofá.
– Como assim? Do que está falando?
– Quietinho. Você está sendo filmado e escutado nesse exato momento. Na minha bolsa tem uma arma e, te garanto, uma agente infiltrada é muito mais treinada do que você pra buscar essa arma e dispará-la quantas vezes forem necessárias.
– Blefe.
– Paga pra ver.
– Não, só me fala o que você quer.
– Seu corpo. Quero inteiro e quero quente.
Dito isso, Aline me obrigou a levantar e caminhar até minha cama. No corredor até lá eu me sentia observado; aquela negra perfeita e sensual era uma policial infiltrada e descobriu tudo sobre o roubo das obras de arte do MASP.
– Tira a camisa.
– Não consigo. Tô algemado, Aline.
Nessa hora ela rasgou e abriu toda a camisa. Os botões se descosturaram com uma facilidade tremenda. Aquela mulher não iria parar seu jogo tão cedo.
Quando já estávamos ambos em meu quarto, eu apenas de calça jeans, algemado e assustado, decidi que faria aquele jogo. Descobriria até onde aquilo me levaria. Aline chegou muito próxima de mim e começou a dançar. Nua, ela fazia com que meus olhos não tirassem seu rebolado do meu campo de visão. Em alguns momentos ela simulava que pegava algo do chão e meu coração vinha na boca.
– Hoje você vai ficar todo amarrado e eu vou te usar INTEIRO. – Bradou.
Na hora não fiquei preocupado. Apesar de ela ter me algemado, eu não acreditava de que realmente era alguma investigadora. Se fosse tão profissional assim, não estaria ainda nua me deixando de pau duro a cada vez que tocava seu clitóris e depois levava os dedos até a boca.
Ao perceber a minha excitação com todo aquele teatro, Aline chegou mais próxima de mim e, me beijando a boca, abriu meu zíper. Enquanto sua mão se ocupava em apertar ao máximo aquilo que preenchia toda a cueca, sua língua dançava com a minha. Era ela, a língua, quem conduzia cada passo. Meu pescoço não foi perdoado, senti sua saliva escorrer e meus arrepios foram imediatos. Naquele momento ela, com certeza, me faria de gato e sapato.
– Vai deitando devagar na cama – E falava isso sem tirar a mão do meu pau que estava rígido, latejante.
A cena que se sucedeu é digna do melhor filme pornô. Aline desceu a minha cueca e, para minha surpresa, não o chupou. Ela apenas colocou uma de suas mãos ao redor e iniciou uma maravilhosa punheta. Enquanto sua mão esquerda me masturbava com habilidade, a direita apertava meu rosto, minha boca, me dava pequenos tapas na cara.
A mulher parecia não estar para brincadeira, conforme aumentava a velocidade da sua mão no meu pau, aumentava a força que exercia na minha cara.
– Para com isso, vou ficar com marca.
– Suas marcas de hoje vão ser bem maiores do que alguns tapas na cara, Pê. – Eu gostava daquele jogo arriscado.
Assim ela começou sua sessão de tortura sexual. Sentou na minha cara como a mais puta sentaria. Gritou para eu chupasse sua buceta bem gostoso, do contrário, não tiraria a algema nunca. E que gosto maravilhoso tinham aquelas pernas abertas na minha cara. Ela rebolava e, mesmo precisando encontrar espaços para respirar, eu me deliciava com cada gosta que dela pingava. Seu mel era viscoso e de um gosto doce, talvez aquele fosse o melhor sabor do mundo: buceta de putinha dominadora.
Depois de mais de dez minutos me premiando e me obrigando a engolir tudo, Aline trocou de posição. Iniciou um 69 e, tenho certeza, não foi para me agradar. Ela botou o pau na boca porque é o que mulheres decididas como ela fazem: chupam e não se arrependem depois. Inclusive, querem cada vez mais pau na boquinha. Mas só daqueles que fazem por merecer.
Quando me engoliu por inteiro, a safada começou a judiar. Ela subia e descia com seus quadris na minha cara. Se esfregava inteira no meu rosto. Seu clitóris roçava na minha barba, minha língua molhava um pouco daquele cuzinho. Meu pau simplesmente estava a ponto de explodir. A boca daquela nega não me deixava descansar. Chupava o saco, cuspia na cabeça e batia, batia, batia de uma forma a me deixar completamente alucinado.
Quando viu que eu estava prestes a gozar, Aline intensificou ainda mais seu boquete e a velocidade da punheta. Parou de se esfregar e me deixou concentrar no clitóris. Eu lambia e pressionava de forma que pudéssemos gozar juntos, tudo estava um espetáculo, merecíamos aquilo.
– Chupa, cachorro. Chupa, seu filho da puta. Ai, minha buceta vai explodir. Ai, ai, ai. Isso, fode com a língua, seu puto. Aaaaai, vou gozar. Isso, aí mesmo. Ai, aaaaainn, ai que delícia, meu deus do céu. Ahhhhhhhh.
E enquanto ela gozava, meu pau disparou jatos e mais jatos de porra que foram em direção ao rosto dela. O líquido do meu tesão escorria pela boca, pelos ombros. A vadia estava toda lambuzada e havia matado sua fome de sexo.
‘- Que mulher maravilhosa’ – Erradamente pensei.
Assim que terminamos de gozar, ela levantou rápido disse com meiguisse:
– Fica aí que é a sua vez de dominar.
Chegou até mim com mais duas algemas; antes que eu pudesse perceber qualquer intenção não sexual, ela prendeu um dos meus pés na beira da cama. Perguntei se ela não esperaria um pouco mais para que eu me recuperasse. Aline foi enfática:
– Não, dessa vez você vai nem vai precisar se recuperar.
Assim que me dei conta, meus dois pés foram presos nas quinas de madeira da cama.
– Agora vamos ver se artista se dá bem na cadeia.
Assim que disse essa frase, eu gritei.
-Aline, Aline. O que é isso, sua filha da puta? Me tira daqui.
Sem respostas concretas, ela apenas me fez sinal de silêncio. Enquanto ouvia o que ela falava ao celular, dei um jeito de eliminar as algemas dos pés. As quinas da cama, feitas de madeira, estavam rodeadas de cupim. Com um pouco de força, consegui quebrá-las razoavelmente em silêncio. Me escondi atrás da porta e quando Aline voltou, a derrubei no chão. Com meus pés comecei a chutar sua cabeça de forma que ela não conseguisse sair viva dali. O telefone gritava:
‘- Larissa, tá aí? Larissa, ele reagiu? Larissa?’
Pois era tudo verdade. Aquela mulher, além de ter dado o nome falso de Aline, realmente estava a serviço de alguma investigação.
Com ela já totalmente pisoteada, quebrei o celular em dois e dei um jeito de limpar toda aquela sujeira. O marrom das minhas tintas se misturava com o vermelho daquela filha da puta. Uma euforia maravilhosa tomava conta de mim. A morte me dava um prazer que a vida já tinha parado de dar.
A grande verdade é que a maioria das mulheres que matei foi em consequência de não vê-las gozar. Nada mais me constrangia nessa vida do que perceber que alguma mulher não cederia a tudo que minha língua pode fazer. Alguns diriam que isso é ego, eu não sei definir. Sei que nunca precisei de muito esforço para odiar a raça humana. Sejam mulheres ou homens. Minha arte sempre foi uma fuga. A violência sempre foi meu melhor caminho, mas, no caso de Aline, seria precavido deixar tudo para trás. Sair da maldita cidade de São Paulo e finalmente acabar com toda essa agonia. Não aguento mais fugir. Nem da polícia, nem de mim.
Tomo esses remédios como forma de dar fim a um projeto que não vingou. Fiz da vida um palco do ego, escolhas sempre baseadas do falso mundo que criei apenas para mim. Cremem meu cadáver e joguem as cinzas no rio mais nojento que encontrarem. Só assim meu corpo encontrará seu merecido fim.
‘La tristesse durera.’
**
– Quem é você? Que merda é essa e onde eu tô?
– Fica calmo, meu nome é Rebeca e sou a sua médica. Você está no Hospital Madre Brasil e sobreviveu a uma tentativa de suicídio. Vou cuidar de ti e de uma carta encontrada dentro do seu hotel. Adorei os detalhes sórdidos, só não gostei muito das suas confissões mais violentas, digamos assim.
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