Quero te invadir

Eu quero te invadir, e levar comigo o seu encanto inocente. Levar para as minhas quimeras, os meus diálogos ensaiados e mostrar como sou cadente de te apresentar aos prazeres da vida.

Mulher do caminhar meigo, dos passos cautelosos, da bolsa rente ao corpo, do sorriso estendido em pleno dia nublado, das inseguranças profundas, das certezas não assentidas… Me deixa te mostrar que o amor não voa, flutua. Ele plana entre o carinho, respeito, a safadeza e a vontade de te mostrar que a vida é muito mais do que idas e vindas de um cinema e jantares com despedidas dignas de um vidro embaçado em um carro estacionado numa rua despovoada.

Quero fazer-te se apaixonar, não por mim, mas pelos conhecimentos empíricos que a vida está louca para nos apresentar. Vem comigo, me deixa deixar-te com essa mudez gostosa, me deixa sem interrupções intumescer os nossos beijos instigados por um tesão ainda insondável, e assim lhe assegurar que os prazeres íntimos aos poucos enchem a nossa urna da felicidade branda.

Não prometo mundos, nem fundos, prometo sorrisos intermináveis, todos eles sem explicações… Eles são gostosos do jeito que são, e quando, chegarmos ao fundo do poço da piedade, irei sorrir como um belo imbecil ocasional que sou, e lembrar-te que melhor chegar ao fundo, do que continuar caindo.

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