Se fosse eu, eu fugiria
Eu preciso te dizer que eu não sou fofa. Todos aqueles coraçõeszinhos foram mera empolgação inicial e o ato mais fofo do qual eu sou capaz, de fato, é este: ser honesta.
Sou dada às questões práticas da vida e provavelmente eu não vou me declarar todas as manhãs ou preparar o seu café, e vou te zoar sempre e bastante, talvez mais do que todos os seus amigos.
Eu preciso te dizer que eu sou louca na maioria das vezes e que sonho com crimes passionais e não acordo assustada. Que há algumas coisas que eu só conto ao espelho – as quais, consequentemente, você não saberá. E que eu não sou o tipo de pessoa que gosta de receber flores ou declarações de amor quilométricas – me faz mais feliz que você cozinhe pra mim ou se lembre da gente numa canção.
Eu vou observar muito quase tudo. Desde a sua ortografia ao modo como você se comportava com as suas ex-namoradas, e, involuntariamente, eu submeto as pessoas a testes diários de personalidade.
Você precisa saber que algumas vezes eu estou de saco cheio demais pra me importar – aliás, todo mundo fica assim de vez em quando, mas eu admito desde já para que, quem sabe, não haja reclames. E que eu posso tomar um tarja preta e dormir num sábado à noite se eu sentir vontade.
É conveniente que você saiba que eu julgo as pessoas silenciosamente e isso inclui você. E que eventualmente eu preciso me isolar e isso pode te fazer pensar que é culpa sua – e talvez eu também pense que sim de vez em quando, mas na verdade não.
Fique, mas saiba: eu não vou sorrir pro seu melhor amigo se ele for chato. E eu te direi isso. E que eu sou daquele tipo que ama demais, sente demais, julga demais e fala de menos e, acredite, isso não é uma qualidade. Corra enquanto há tempo.
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