Segue o jogo
Às vezes o bolo sola. Às vezes a maquiagem borra. Às vezes o nosso personagem favorito morre e a gente se sente esquisita. Às vezes ninguém aparece. Às vezes o voo atrasa. Às vezes a gente se sente muito, muito sozinha.
Às vezes a amiga desmarca, às vezes o filme é ruim e às vezes o esmalte fica com bolinha. Às vezes a gente é rejeitada, às vezes as pessoas nos desprezam e às vezes a gente se sente traída.
Às vezes o chefe é chato. Às vezes o salário é baixo. Às vezes não dá para comprar aquela blusinha. Às vezes as pessoas são grossas. Às vezes o ônibus não passa e a chuva aperta. Às vezes a gente sai de calça branca bem nesse dia.
Às vezes o celular cai. Às vezes a tela quebra. Às vezes a gente derruba a embalagem daquela base que custou caro e estava novinha.
Às vezes a mãe fica doente, a rinite ataca, o passarinho morre e às vezes a gente engorda dois quilos da noite para o dia. Às vezes a gente gosta de alguém que não gosta da gente e às vezes o contrário também acontece. Eu sei. Parece até ironia.
Às vezes merdas acontecem. Acontecem e frustram a gente. Acabam com o nosso dia. Merdas acontecem porque a gente não tem mesmo o controle de tudo e insiste nessa mania boba de se achar onipotente. Bobagem a nossa. Nós controlamos muito pouco além do humor com que encaramos as pequenas e grandes merdas do dia-a-dia.
Só estou escrevendo isso para dizer que é normal se entristecer com pequenas e grandes bobagens. É importante viver as tristezas mas ninguém é obrigado a conviver com elas. Se chutou para fora, leva a mão à cabeça, para e pensa dois segundos, manda um sinal da cruz e segue o jogo. Bola pra frente. Sempre tem torcida.
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