Talvez um dia você perceba

Talvez um dia você perceba que eu teria te feito companhia em um sábado numa mesa de bar, dividindo a cerveja gelada e rindo das coisas mais banais. Mas que eu também iria até você em uma terça-feira cinzenta e fria se você precisasse apenas conversar ou não dizer nada. Só precisasse de alguém pra ficar ao seu lado em silêncio. Eu estaria ali.

Talvez um dia você perceba que toda a minha intensidade, claridade e sinceridade é melhor do que ficar no escuro e raso. Sem saber aonde pisa, sem saber até onde vai, sem saber de nada, tendo que fazer suposições sobre esses jogos emocionais que existem de sobra por aí.

Talvez um dia você perceba que muita gente vai conversar com você, mas poucas vão querer saber de você, entende a diferença? Saber aonde dói, o que te faz feliz, para onde você iria se pudesse largar tudo, de onde vem o gosto por filmes e por que os seus olhos estão sempre um pouco tristes. Muita gente vai querer rir com você, se divertir, passar a noite em claro, mas pular o peso dos dias, do perigo da rotina, da ameaça de ter que abraçar não só a parte boa, mas a ruim também. Porque a parte ruim assusta a maioria das pessoas e, hoje, vamos ser sinceros… É preciso muito sentimento e muita coragem pra querer enfrentar o profundo de uma pessoa só, sendo que tem tanta gente por aí querendo só o que é raso, leve, fácil de lidar e de se livrar também.

Talvez um dia você perceba que eu teria ficado. Não digo por uma vida inteira porque a gente nunca sabe o que pode acontecer, né?! Mas eu teria ficado. Pra dançar esquisito com você no cinema enquanto os créditos passassem na tela, pra te ligar só pra ouvir sua voz e pra te dar a mão pra levantar sempre que o cansaço fosse demais. Eu teria ficado até o dia amanhecer, até a cerveja acabar, até o mês virar, até você pegar no sono, até o verão virar inverno, até… Mas, talvez você não perceba nunca. E o nunca dói mais do que o “sempre” que ficou para trás.

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