Tudo isso que já sinto e não sei dizer

Eu ainda não sei como dizer, mas já sinto.

Sinto quando o telefone dá o sinal de você desligou, quando o emoji me diz que você vai dormir ou até mesmo quando acordo e já vejo a sua mensagem. Não digo, mas sei o que se passa e como meu peito desfaz o nó que atou dos últimos três rolos que passaram como compressores pelas expectativas, pelas esperanças e por aquele sentimento gostosinho que vai aquecendo partes até já esquecidas dentro da gente. Sabe, talvez já esteja tudo camuflado nos meus “dormiu bem?”, “avisa quando chegar” e “se cuida”.

Talvez você já tenha percebido pelo jeito que te olho quando você me olha e como ficamos naqueles cinco segundos intermináveis que me fazem dar uma volta no intestino e paralisam a respiração como se por horas. Mas, talvez, acho que fica escrito na testa quando meus braços te enlaçam, sua ofegância passa e fechamos os olhos juntos como quem dormisse para sonhar a mesma coisa, mas já sonhando de olhos bem abertos até momentos antes.

Eu ainda não sei como dizer e até rabiscaria numa carta em letras garrafais que me lembrariam de como um áudio bêbado naquela festa me fez atirar em bytes o que sinto nessa arritmia – e que eu, idiotamente, apaguei assim que ouvi de novo pela manhã, milagrosamente antes de você ter ouvido. Quando você me perguntou “o que você apagou?” eu quase gelei. Um meme, eu respondi. Talvez fosse isso mesmo. Um meme de alguém deixando o álcool entrar e a verdade sair.

Ainda não sei como, mas tudo é questão de quando.

E mesmo entendendo que em alguns momentos precisamos declarar para ficar de vez com alguém e fincar de uma vez a certeza, faço de mim uma eterna volta, tratando de plantar saudade em cada momento que temos juntos. Até nas brigas. Até quando fico com ciúme do seu passado e você me questiona do meu, preocupada com algum fantasma que me assombra. Que nada. Meu medo é acordar e não ser mais teu. Meu medo é um dia te ouvir dizendo que “me amava”, do tempo verbal “você perdeu sua chance”.

Meu medo é nunca sair da boca o que os olhos já gritam.

Então, senta aqui e deixa eu te pagar um açaí. Melhor: divide comigo. Dividir açaí, pra mim, sempre foi uma das maiores provas de Amor. É isso.

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