Uma carta para a minha ex-sempre-namorada
Hoje, sentado na varanda da minha casa me lembrei de uma ex namorada minha. Ou de todas. Pensativo, cultivei em mim todas as saudades que elas ainda me cedem e resolvi sorrir com isso. Como sempre faço quando lembro de como é gostar de alguém.
Hoje talvez exista outro cara dividindo a cama contigo, contando as mesmas piadas que eu te contava e mordendo sua orelha. Na verdade, eu sei que existe, mas só quis criar uma hipótese para parecer mais descolado. De qualquer forma, só espero que ele saiba o quão você gosta de café, e assim, apreciar o charme que é você segurando a xícara com aqueles olhos pequenos. Espero também que ele tenha noção de como você não gosta quando te mordem muito forte. E, claro, que ele saiba como você gosta de fazer sexo em lugares inusitados. Quer dizer, acho que essa parte ele nem precisa saber.
Talvez, se hoje eu te conhecesse de novo, ficaria contigo mesmo se você tivesse acabado de sair da cadeia por homicídio. Não porque eras linda e me chupava com aquele olhar de “te devoro”, mas porque depois de viver um pouco enalteci as qualidades que você tinha. Coisas da vida. Que, como sabes, não me arrependo. Eu tinha que viver, viajar e me despertar à vida. Você sabe que era o melhor pra mim e, esse respeito que você teve pelo meu momento é, com certeza, um dos meus maiores motivos de orgulho de ter sido teu namorado.
Por mais que eu não tenha pintado a bunda de vermelho e declamado nosso amor em rede nacional, saiba que, no auge das minhas poucas palavras você pintou de mão colada comigo um pouco da minha história. Espero que lembres de mim como lembro de ti, dos detalhes, das viagens e, claro, das roupas e sapatos que eu tanto reclamava. Lembra como eu era pentelho? Eu mudei um pouco, mas admito, continuo achando pés algo de seres de outro planeta. E sim, também continuo achando que uma minissaia perde seu charme quando o intuito é convencer alguém, somente com aquilo, que ali existe um mulherão.
E, acredite se quiser, ainda guardo todas as nossas fotos. Não por algum motivo especial, ou por devaneio louco, mas porque acho gostoso lembrar das nossas histórias e pontuá-las como fases necessárias em uma vida de momentos tão felizes. Espero que guardes também. Mas, se não o fizer, pelo menos não as jogue fora, revelei todas com tanto carinho…
Então, hoje no auge do meu pouco afeto, te digo: nunca vou te esquecer. Até porque não tenho problema de memória. Você me ensinou tanta coisa, a ser um homem mais sorridente e feliz por curtir os pequenos prazeres da vida. Queria ter curtido mais você, confesso, ter lhe dado mais atenção e me preocupado menos com o trabalho. Mas talvez, esse texto seja um pouco do que eu tanto quis pra mim. Espero que estejas com orgulho de mim.
Saiba que meu beijo continua doce, meu sorriso espraiado e meu puxão de cabelo com a mesma firmeza de sempre – dizem. E como sei que você gostaria de saber: sim, ainda durmo rente a parede e ocupo metade da cama. Ainda gosto do frio e ligo o ar no mais gelado só para camuflar-me por baixo das cobertas. Ainda falo gesticulando com as mãos e gosto de brincar de lutinha todos os domingos de manhã. E, claro, ainda pareço uma criança quando fico doente.
Eu que sempre fui poeta da minha própria vida, espero sempre guarda-te na estante dos meus melhores feitos. E, que ao final desse texto, você sorria. Sem medo de eu estar te vendo. Só sorria com simples objetivo de saber que os nossos momentos serão sempre nossos. A gente foi um sonho que passou, mas seremos sempre uma lembrança-sorriso dentro dos nossos, um dia juntos, corações.
Que carta linda parece comigo