Um desabafo sobre as relações atuais

Qual foi a última vez que você ligou para alguém para jogar conversa fora, para saber como a pessoa está? Ou que bateu saudade de madrugada e você teve coragem de ligar só pra dizer a verdade: Que estava com saudade? É… Assumir o que se sente é coisa de gente corajosa, viu?!

Qual foi a última vez que você segurou firme na mão de alguém? Ou que conseguiu se livrar do celular enquanto estava ali no bar na companhia de quem você ama? Sem necessidade de postar foto, vídeo, dar aquela olhada nas redes sociais e nas mensagens recebidas.

Pois é. As relações andam cada vez mais vazias, efêmeras e descartáveis. Isso me assusta muito. É como se ser intenso fosse motivo de piada. Então, que me perdoem os humoristas, mas eu vou fazer muita gente rir por aí. Porque eu não troco a minha intensidade por um oceano raso. Eu posso quebrar a cara – como já quebrei muitas vezes – mas a minha intensidade eu não deixo quebrar.

Tá faltando sinceridade, profundidade, lealdade, empatia, respeito. Tá sobrando “amor” por aí, mas que não se sustenta por falta de tantos outros sentimentos que são base para que o amor não se perca.

Quantas pessoas se amam e não estão juntas porque faltou companheirismo, por exemplo? Quantas pessoas vão se amar para sempre e não vão estar juntas porque faltou paciência para aprender a lidar com as diferenças? Parece que é mais fácil descartar, não é? A oferta está grande. E, assim, de relação em relação, acaba quase tudo em solidão no final das contas.

Respeita, gente. Respeita as diferenças dos seus amigos, dos desconhecidos. Respeita o seu pai, a sua mãe. Respeita a opinião do outro, ainda que não concorde. Respeita quem você ama e seja verdadeiro. Se decidiu estar junto: Esteja. Se sentir interesse por outra pessoa, cai fora, mas não magoa alguém assim por tão pouco, por falta de verdade.

Estamos cada vez mais partidos, frustrados e presos ao mesmo sentimento: Medo. Medo de dar certo, medo de dar errado, medo de falar sobre algo bom, medo de falar sobre algo ruim. Medo de estar com alguém e se decepcionar, medo de ficar sozinho. É… Essa vida perfeita, cheia de sorrisos, viagens, drinks bonitos, comidas gourmet, é quase que um pedido de desculpa que damos a nós mesmos por não sermos perfeitos. Perfeição não existe. Em nenhum aspecto da vida, que isso fique bem claro. Mas parece que isso tem preenchido um vazio cada vez maior que estamos criando em nós, uns nos outros. Só parece, porque na verdade o vazio só aumenta.

Mas, voltando às relações, só para finalizar: Toda vez que você for se relacionar com alguém, imagina nessa pessoa a pessoa mais importante da sua vida e a trate com amor no sentido mais puro da palavra. O amor de cuidado. Não tenha medo de ser verdadeiro, de ser honesto, intenso. Como diz uma amiga minha: “ninguém perde nada por ser honesto”. Liga, pega na mão, vive o momento, conversa sobre coisas banais, conversa sobre assuntos profundos, discute filmes, discute os anos 60, enfim, relacione-se de verdade.

Em um mundo de pessoas cada vez mais rasas, seja quem chega para transbordar e ajudar a encher esses corações que se esqueceram que amar ao próximo é amar a si mesmo e que não há nada melhor do que ser de verdade.

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