Um quadrinho vale mais que mil palavras

Vira e mexe as pessoas dizem que eu sou boazinha. “Boazinha demais”. Ouço isso desde pequena. Insistentemente. Quase todos os dias.

Confesso que eu nunca entendi muito bem.

Ainda não matei ninguém, é verdade. Só roubo caneta BIC largada em balcão de cartório, fecho o chuveiro pra lavar o cabelo, a torneira pra escovar os dentes e de vez em quando levo umas moedas para a tia da padaria que vive sem troco, tadinha.

Às vezes é difícil, mas faço o possível pra não cobiçar a mulher do próximo. Desvio o caminho para dar carona, pego as amigas no metrô, rezo meu Pai Nosso, pago minhas promessas e ajudo umas velhinhas no farol pra me sentir útil de vez em quando. Curto mais criança que velhinho, mas sabe como é… Melhora a autoestima.

Me esforço para ser uma pessoa bacana, é verdade. Aquele lance de homem médio, sabe? Nem ruim, nem bom. A real é que em regra eu durmo tranquila, mas acho que se tem uma coisa que eu estou longe de ser, essa coisa é boazinha.

Vocês sabem, né? Boazinha não é elogio. “Boazinha demais” menos ainda.

Boazinha demais é quase um alerta. Um “fica esperta”. “Não seja trouxa”. “Fica a dica.”

Isso sempre me deixou meio intrigada. Sempre me senti meio boba. Meio café com leite. Meio sem a malícia da vida.

Aí hoje me mandaram um simples quadrinho e eu respirei aliviada. Tô feliz, sabe? 

Ufa, esse problema é dos outros! Que alívio. Fica a dica.

(Ah, o quadrinho é dessa página aqui: www.facebook.com/DevaneiosComSigmundEFreud 💚)

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