Você é meu delicioso clichê
Antes de te conhecer eu gritava aos quatro ventos que odiava clichês. As frases feitas e expressões batidas nunca fariam parte do vocabulário conquistado com suor e companhia dos meus escritores, músicos e compositores favoritos. Recorrer aos clássicos pra quê, se eu poderia desenhar os meus próprios sentimentos com palavras?
Aí você veio. E eu entendi que “borboletas no estômago” não é um exagero nominal da sensação de sentir-se rendido. Percebi que nem juntando as mais doces palavras eu chegaria perto de descrever tão bem o momento em que você colocou meu cabelo atrás da minha orelha e se aproximou. O chavão me deu olá, pra nunca mais sair.
Quando nós conversamos sobre como nos conhecemos há tanto tempo e nunca tínhamos percebido que era pra ser assim, nos esforçamos para “não chover no molhado” quando acreditamos piamente que “era pra ser”. Um papo bobo que poderia conter ainda “tínhamos que dar tempo ao tempo”, “não adianta chorar o leite derramado” e outras milhões de frases feitas que, lá no fundo, só queriam dizer que eu amo mesmo que o nosso tempo tenha sido esse.
Fui aprendendo a “colocar a mão no fogo” por você. A confiar nas suas decisões, aplaudir todos os teus méritos. “Engoli alguns sapos” até entender o teu jeito de ver a vida, mais cheio de reticências e exclamações do que interrogações. Minhas perguntas foram ganhando a tua resposta.
Nós brigamos, sim. Não existe relacionamento sem um tiquinho de divergência. Nosso acordo de que ninguém “meteria colher nas nossas brigas entre marido e mulher” sempre foi um aliado. Com você eu descobri que discutir pode ser aproximar as minhas verdades das tuas e que o silêncio pode ser a mais dura discussão.
De todos os clichês que compõem o ballet da nossa vida, um deles aprendi às duras penas: “nunca diga nunca”. Porque quando eu achei que nada mais me surpreenderia, veio você e me mostrou a beleza de sentir o amor que todo mundo sente, e muitas vezes fica difícil explicar sendo original.
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