Você está preparado para perder alguém próximo?

Eu penso isso vez em quando e a resposta ainda é não. Em meio a ideia de amor romântico e amor genuíno, vivemos num apego sem fim (sobre isso, indico as palavras da Jetsunma Tenzin Palmo nesse vídeo).

Mas o apego não segura as pessoas e a gente aprende isso na marra. E daí, faz o que? Tem gente que consegue transformar a dor em amor, não pra rimar, mas para fazer um pouco de sentido em meio a loucura mesmo. E esse amor transforma.

Na semana passada, o Rapha Moraes, músico curitibano, mostrou ao mundo seu jeito de lidar com a perda da irmã, que tinha 28 anos e foi vítima de uma arritmia causada por uma doença congênita no coração.
Ele explica melhor:

À ANA CAROLINA, COM AMOR.

Demorei para decidir se assumiria que essa música ‘Arritmia’ e seu clipe são uma homenagem a minha irmã Ana Carolina, que faleceu em 15 de dezembro de 2015 com 28 anos, de uma doença congênita no coração, o que causou uma arritmia cardíaca. Demorei porque pensar neste assunto ainda me tira o ar, me deixando sem saber como agir ou pensar. Sentimento que me levou a seguir em frente dessa forma, simplesmente evitando o assunto. Mas há alguns dias desabei novamente. E me enxerguei. Vi alguém tentando se esconder da dor de perder quem se ama. Alguém fugindo do fato de não ter mais a presença física dela no mundo em que eu faço parte.
Precisei desse tempo para digerir que chegou a hora de assumir que já não sou mais o mesmo. Que minha vida, a dos meus pais e a da nossa família nunca serão mais as mesmas. Conviver diariamente em silêncio com tudo isso é destruidor. Creio que enfrentar, amar, chorar, sofrer e amar mais, é o caminho para conseguir seguir em frente. O que não significa esquecer. Por isso, este aqui é o primeiro passo para assumir essa realidade: abrir ao mundo o que sinto.
Quando o Hideki voltou de Nova Iorque com imagens para o clipe de Arritmia, me contou que relatou aos participantes que aquilo se tratava de uma homenagem à minha irmã. Uma grande ideia que me comoveu. Algo que talvez comova vocês também, onde figurantes passaram a ser protagonistas de um verdadeiro ato de amor. Essa presença de humanidade me fez enxergar uma beleza no mundo que há tempos não via. Respirei fundo e senti, com essas imagens, que valia a pena estar vivo. Esse sentimento de que pertencemos a algo maior. E que só a morte, o nascimento e o amor podem nos fazer lembrar. Fatos que trouxeram luz. E que me fizeram escrever estar palavras e transformar essa homenagem em realidade.
A Ana viveu e foi exatamente o que ela quis ser. E foi linda. Essa homenagem é pela vida da minha irmã. E por tudo o que deixou por aqui. Uma história marcante e grandiosa ao olhar da sensibilidade e da humanidade.
Ana, você me ensinou que nada é mais valioso que aproveitar cada segundo. Que viver é ser quem a gente quer ser. Coloco esse pedaço de mim no mundo por mim, pelos meus pais, por você e por acreditar na humanidade.

Te amo,
Rapha.”

Foi um jeito muito lindo e sensível de lidar com a perda e que vale muito a pena ser visto:

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