Amor não cura loucura
Acho curioso quando algumas pessoas que tem a vida emocional caótica se queixam indignadas de solidão.
Seria como se tivessem uma casa destruída, mas oferecendo para que alguém a compre ou alugue.
Quem teria a obrigação de suportar acessos de mimo, atitudes egoístas ou ataques de raiva constantemente?
Nosso romantismo disfuncional incentiva pessoas a mudarem as outras por conta do amor.
O grande dilema de um relacionamento não é só começar, mas sustentá-lo em bases maduras. Pessoas emocionalmente desestruturadas não conseguem manter um relacionamento saudável e normalmente ainda caem fora dizendo que o problema foi do outro. Problemáticos são especialistas em recomendar mensagem de autoajuda para os outros sendo que eles são os mais necessitados.
O naufrágio da maioria dos relacionamentos amorosos acontece na hora de viver o dia-a-dia, pois é na intimidade que revelamos nossas limitações, comportamentos incoerentes e atitudes perturbadas.
A isso nem o amor mais “puro” resiste.
Mas muitas pessoas insistem e forçam a barra achando que o outro tem que aguentar suas inseguranças, melindres e birras por “amor”.
O conflito de muitas mulheres emocionalmente confusas ao esperar o príncipe encantado é que quando ele chega não conseguem alcançar o ritmo da cavalgada.
Para muitos é insuportável se relacionar com alguém que tenha maiores habilidades pessoais. Isso é valido tanto para homens e mulheres.
Já vi muita gente “surtar” quando encontra alguém especial.
Nessas horas percebem que apesar de buscarem um relacionamento não estão preparadas. Notam que vieram de lares conturbados e que um relacionamento normal, sem loucuras ou altos e baixos, é chato, monótono e tedioso. Para quem vive numa montanha-russa emocional qualquer comportamento tranquilo é chatice. O que na realidade não é.
Infelizmente só acabam percebendo as boas oportunidades que tiveram na maturidade, isoladas do mundo. Nesses dias amargurados percebem que aquele cara bonzinho, não era bobo, mas um cara que a tratava bem e com respeito. E que aquele cara que achava um delícia era um escroto que a tratava mal. Quem vive numa perturbação emocional constante nem nota isso, está acostumado com o sentimento de menos valia e engole qualquer coisa.
O ponto é que as pessoas que convivem não deveriam assumir o papel de aceitar comportamentos destrutivos a pretexto de esperança e paciência por amor, as mudanças desses comportamentos cabem ao autor.
Os maluquinhos deveriam ficar sozinhos até se modificarem? Creio que sim, afinal seria bem egoísta impor sua presença perturbadora na vida de alguém. Procurar ajuda e tratamento seria uma boa antes de exigir que os outros tolerem seu desassossego interior.
Insisto que amor não cura problemas de personalidade, pois se curasse eu, como psicólogo, receitaria a todos.
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