Ao final, o amor nunca erra
Quando eles se conheceram ele estava saindo da faculdade, de mudança para Porto Alegre. Ela tinha acabado de passar no vestibular para Jornalismo.
Se gostaram logo de cara. Foi em uma festa de amigos em comuns que se viram pela primeira vez. Ela o achou estiloso, bonito, engraçado. Ele a achou linda, interessante e se encantou pelo jeito que ela sorria.
Mas o amor estava adiantado. Não era a hora dele chegar. Eu sei que muita gente diz que o amor não tem hora certa, nem data marcada, mas no caso dos dois, eu juro que o amor se adiantou.
Não era questão de idade, nem de falta de reciprocidade porque ambos sentiram que eram certos um para o outro, tiveram facilidade para conversar, para se entender e saíram com a sensação de que se conheciam a anos ou até vidas.
Era uma questão de hora. Se ela tivesse chegado na festa duas horas depois, eles não tinham se conhecido e talvez não sofressem pela despedida que viria. Mas o amor resolveu juntá-los assim, adiantado mesmo, sem aviso, feito furacão e depois, passou.
Ele foi para Porto Alegre, ela acabou morando em Londres por seis anos. Ele teve duas namoradas, ela chegou a ficar noiva, mas não deu certo.
Se reencontram anos depois, no aeroporto. Ela fazendo escala em São Paulo e ele tinha acabado de desembarcar. Ele a reconheceu pelo jeito de sorrir, ela lembrou dele pelo jeito de andar.
Conversaram por vinte minutos e foi como se voltassem no dia da festa. Tudo era leve. Trocaram telefones e marcaram de se encontrar quando ela voltasse de viagem.
O amor sorriu. Os dois também.
O amor havia juntado os dois tempos atrás somente para que eles pudessem saber de sua existência, e percebessem que ninguém se encaixaria nessa história predestinada a ser dos dois.
Ele saiu do aeroporto, virou à esquerda e pegou o telefone.
Ela se dirigiu ao embarque e antes de colocar o celular no modo avião, parou.
O que ela ia fazer no Rio de Janeiro nesse feriado se já havia encontrado o seu descanso?
Deu meia volta e o celular tocou. Os dois se encontraram no meio do caminho. Ela sorriu torto, ele riu com os olhos e assim, sem palavras, disseram tudo o que não foi dito em tantos anos e saíram dali prontos para continuar essa história que começou por um sentimento, chamado amor, que se apressou, mas não errou, afinal.
Ao final, o amor nunca erra.
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