Carta para o teu amanhecer

Deito-me no teu colo quente para manter a cabeça fria. Fixo-me nos teus olhos para esquecer o mundo. Vivo-te toda noite como meu último dia e amo-te toda hora, como o último segundo. Quero acarinhar-te ao acordar e quero adormecer de ter-te em mim. Quero ensurdecer de te escutar e a visão perder de ver-te assim, em nossa cama nua – como nós.

Tenho um diário mental repleto de fotos nossas, do nosso primeiro beijo à nossa primeira fossa. Tenho vontades distintas, desde cobrir-te de tintas para que pintes meu corpo, até jurar-te um castelo – grande e imponente castelo – feito com cartas de amor. Trago amizade sincera, tenho uma boca que espera, tenho calor e suor. Tenho uma simples morada, comida e vida renovada, pois mereces o melhor.

Quero trair minhas promessas para oferecer-te sempre um pouco mais. Quero ancorar meu veleiro nas águas calmas do teu terno cais. Quero fazer um cruzeiro, sendo teu corpo o roteiro da minha mais bela aventura, e se houverem problemas, subo e enfrento os dilemas – perco meu medo de altura.

Vejo-te após repousar e tudo parece mais claro, ainda que eu perca meus olhos lembrar-te-ei pelo faro. Não há mal no mundo que supere o bem que me faz a tua respiração. Não há segredo no mundo que eu não encontre em ti a revelação.

Quero que leia esta carta antes mesmo do café e saiba que cada palavra foi escrita de boa fé. Depois, levante-se sem pressa e caminhe até o portão, lá minha vida te espera – luz do meu interminável verão.

Comentar sobre Carta para o teu amanhecer