Damien Rice: para fechar os ouvidos e deixar o sentimento invadir
Reencontrei o grande amor da vida numa Twitcam. Estávamos há alguns anos sem notícias um do outro até que ele postou no Twitter algo como “som em casa rolando ao vivo”. E eu cliquei. Ele poderia estar tocando Zeca Baleiro, que chamaria minha atenção. Poderia estar brincando de fazer caras e bocas com Maroon 5, que provavelmente me deixaria intrigada. Mas ele estava tocando Damien Rice e aí eu me apaixonei pra sempre (por ele e pela música).
Embora muita gente se restrinja a ouvir The Blower’s Daughter por causa do início (incrível) e do final (que me deixa quase sem ar) de Closer, Damien Rice é a prova de que às vezes as trilhas sonoras de filmes mostram apenas a ponta de um iceberg cheio de sons e sensações e que só cabe a nós desbravar.
O som, sempre muito fluído e sempre muito doído, não pode ser ouvido a qualquer momento. Tem contraindicação exatamente porque tem efeito colateral.
Faz pensar, faz sentir que a pele que divide o que a gente sente do mundo exterior sumiu. Audição e emoção se tornam um só. É fechar os olhos e se deixar levar. Fechar os ouvidos para a razão e deixar o sentimento invadir.
Quando reencontrei o amor da vida, ele estava ouvindo Damien Rice. E me mostrou a beleza da melancolia. E me mostrou que corajoso não é quem mostra o corpo e não sente vergonha. É que mostra que a tristeza não tem motivo para se esconder.
“Is that alright, Is that alright with you? No?”
“Is what makes me bleed
And like a new disease she’s still too young to treat”
“She sits alone with her silent song, Somebody bring her home”
Pra quem quer ver um show inteiro, também tem.
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