Desce que eu tô chegando
Desce que eu tô chegando…
Não, só em 2026. Claro que é pra descer agora, cabeção! E não ouse me dizer que você já tem outros planos para as próximas 1080 horas. Porque o pilates, a prova da Teoria da Comunicação, a sessão de fofoca com a sua madrinha e os novos capítulos de Orange Is the New Black podem esperar, sério.
Vai atrasar um pouco? Don´t worry, eu já me acostumei a ver meus cabelos perdendo a cor enquanto você se apruma. Eu lhe aguardarei no carro, sem stress e ouvindo aquele CD do John Mayer que você curte.
Que roupa você coloca? Não importa, não mesmo. Apenas leve uma blusa que esquenta de verdade e um tênis bem confortável, desses que você usa, usa, usa, usa, usa, usa e, mesmo assim, não dá bolha no calcanhar. Ah, e não se esqueça de colocar o seu passaporte na bolsa, tá?
Malas? Não precisaremos levá-las. O planeta está cheio de lojas legais, não está? Bora conhecê-las!
Aonde vamos?
Primeiro, à padaria, “porque é assim que todo programa gostoso deve começar”, palavras do EGPF (Estatuto Global dos Programas Fodásticos). Tomaremos um café da manhã daqueles, do tipo que tem pompa de almoço, sabe? Um mistão no pão francês com o dobro de queijo acompanhado por uma vitamina que dá um pau no Centrum no quesito “Hoje é dia de sustância, bebê!”. Ou, se preferir, uma coxinha cheia de Catupiry intercalada com goles de Coca-Cola bem gelada, afinal, hoje é um puta dia especial, do tipo em que folhas verdes só são permitidas dentro de X-Saladas e coffee shops. Também levaremos uns sonhos bem recheados para a viagem, anota aí.
Depois, partiremos rumo à Capadócia. Não, não é pegadinha do malandro. Lá daremos um rolêzão de balão e, como fazem as crianças sem contas a pagar, enxergaremos coelhos e outras maluquices em nuvens que à maioria dos adultos com nada se parecem. Acha que eu me esqueci do dia em que você, com o indicador apontado à televisão, afirmou: “Morro de vontade de ir pra lá, cabeça de pinhão!”? Claro que não. E a hora chegou!
Então, da Turquia voaremos até Amsterdã. O que faremos por lá? Riremos, feito malucos, até sentir uma dor brutalmente gostosa no abdômen. Já tenho tudo planejado, ó: vamos nos fantasiar – eu de Jack Sparrow e você de Wandinha Addams – e fazer uma degustação de ervas aromáticas locais, se é que você me entende. Eu sei que os seus tempos lisérgicos já ficaram para trás – na república em que você morava quando tinha cabelo azul – e que gosta dos seus olhos bem branquinhos, mas, sinceramente, acho que uns tapinhas na pantera nos ajudarão a amenizar os tapões que a vida tem nos dado. E, além do mais, até a minha avó de cabeleira roxa tostaria um – ou meia dúzia! – se fosse a Amsterdã. Não acha? Ir até lá e sair sem um tiquinho de THC no sangue é tão sem sentido quanto voltar de um rodízio com fome ou completamente sóbrio da Oktoberfest. Aliás, falando nisso, Munique será a nossa próxima parada. E nem preciso dizer que passaremos alguns dias entre cervejas e salsichões (sem piadinhas de duplo sentido, ok?), né?
E a nossa trip não acabará na Alemanha, meu bem. Claro que não! Pois assim que a ressaca passar nós vamos à Itália, só pra destruir umas pizzas em Roma, apostar corrida de gôndola em Veneza e visitar umas locações de O Poderoso Chefão na Sicília. Ah, também daremos uma passadinha em Gênova, pois não dá pra morrer sem saber o que é que o molho pesto de lá tem.
Daremos, também, um pulinho em Londres. Ou você acha que eu deixaria um show dos Rolling Stones fora do roteiro? Nunca! Nunca! Nunca! Vai que o Keith Richards bate as botas de repente. Se bem que ele é imort… Enfim, cantaremos Shine a Light até as cordas vocais afrouxarem. E dançaremos, como se tivéssemos com grilos dentro das calças, ao som de Miss You.
Como é que eu vou pagar por tudo isso se sou apenas um escritor latino americano? Ah, isso é uma longa e mirabolante história. Contarei direitinho no caminho, prometo.
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