Me abraça devagar

Já vivi muitas relações intensas, bonitas, mas efêmeras demais. Passageiras. Já senti frio na barriga, arrepio no corpo e passei a noite em claro com saudade de alguém.

Tudo isso foi bom porque eu também sempre fui intensa demais, sempre gostei de extremos, mas agora eu vou testar o meio. Vou testar com você.

Cansei de sentir muito e depois sobrar com nada. Não quero mais juras de amor que durarão um dia, uma noite e nem quero falsas promessas de um futuro tão incerto quanto a vida.

Então me abraça devagar, aos poucos, com cuidado. Não me diz que vai ficar para sempre, não diz que sente saudade ou que gosta muito de mim. Palavras são essenciais para escrever um texto, mas na vida real, as histórias são escritas com atitudes.

Por isso, ando mais calada do que o normal, mais observadora do que nunca. Cansei de brincar de paixões efêmeras, intensas e que viram recordações bonitas em fotos arquivadas na memória do coração.

Agora eu quero viver. Já recordei demais e já senti demais, pesou. Agora quero ser leve. Não é que vou deixar de sentir, mas vou sentir aos poucos e me mostrar em doses.

Quando eu digo “me abraça devagar”, quero dizer para me receber aos poucos e se mostrar aos poucos também. Sem pressa, sem neura, sem a vontade de viver toda uma história em uma conversa de algumas horas.

Quando eu digo “me abraça devagar” quero dizer que temos tempo e que, aos poucos, meus pedaços junto ao seus farão sentido ou não. E se fizer, ótimo. Se não, a gente tentou. Devagar e com uma história.

Quando eu digo “me abraça devagar” é a forma mais carinhosa que tenho, ultimamente, de dizer: “eu quero que você fique por mais tempo que os outros”, sem que eu seja intensa demais.

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