Despedir do outro dói, mas passa

Todo fim dói, machuca muito, incomoda, lateja. É como um machucado que, às vezes, antes de sarar, acaba abrindo mais um pouco, infecciona.

Não somos preparados para o fim. Para nenhum tipo deles, especialmente, por não sabermos o que vem depois. Tudo o que a gente sabe é do que fica e isso… Isso machuca tanto.

Fica a saudade do som da risada, do cheiro no canto do pescoço, do gosto do beijo. Fica a dúvida se o outro está sentindo falta, se continua acordando no mesmo horário, se o café continua amargo, se aquele bilhete do cinema continua na carteira. Depois que o amor se vai, ele ainda fica. Partido em pedacinhos, desencontrado, amassado, derrotado, mas fica. E como lidar com isso?

“Isso também vai passar”. É uma frase que Chico Xavier usava para lembrar aue tanto as coisas boas quanto as ruins, passam. Que não precisamos e nem podemos nos apegar a nenhuma delas. Despedir do outro dói, mas passa. Em quanto tempo? Não sei. Cada coração tem o seu relógio próprio quando o assunto é esquecimento.

Sabe… Nem toda história foi feita para durar para sempre. Eu sei que o fim é ruim, mas, tem hora, que também é essencial. A gente precisa saber deixar para trás o que, mesmo sendo bom, não faz bem para gente. Consegue entender o que eu quero dizer? Nem tudo o que é bom faz bem. Nem tudo que parece encaixar, faz parte daquele lugar de fato. De novo, dói. Enxergar isso, dói. Dizer “adeus”, dói.

Mas, lembre-se: Você pode se despedir do outro. Você ainda vai se despedir de muitos outros. Mas, nunca, em hipótese alguma, se despeça de você. Não permita ir dizendo adeus, aos poucos, para partes suas, para a sua essência. Seja inteiro, ainda que partido. Isso também vai passar.

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