Empatia: um caso de utilidade pública
Talvez seja impressão minha, mas existe uma epidemia de egocentrismo. Não sei se você já notou, mas quando alguém fala algo a outra mal ouve e já replica com uma história pessoal ou contrariando a outra.
Também não sei se já viu, mas quando alguém expressa tristeza a outra já tenta enxugar a lágrima ou dar um conselho bobo para afugentar o mal-estar da conversa. No fundo parece não bancar a sensação de desconforto que sente ao lidar com o pesar do outro. Em outras situações alguém está colocando sua ideia e quem escuta interrompe, não abre a conversa e impõe a própria opinião como se fosse a verdade final.
E o mais estranho é a mania de só pensar em suas próprias necessidades sem considerar que poderá afetar ou ofender o outro. Empatia é um remédio barato e acessível para curar essa epidemia de pessoas que só pensam, vêem, sentem e agem para si mesmas. O problema é que dá muito trabalho se colocar no lugar do outro, o mais fácil é sentir dó e identificação que é bem diferente de empatia. Identificação é quando te dá um aperto no peito ao ouvir alguém sofrendo por se imaginar naquela situação, empatia é quando você sente o que a outra está passando e não como se você estivesse passando, mas como ela está.
A capacidade genuína de respirar fundo, olhar nos olhos e se colocar no lugar do outro é quase inexistente. Se essa empatia é rara é ainda mais improvável se colocar para aliviar a dor do outro nos termos do outro. A ajuda que se vê é daquela que quer receber um “muito obrigado” ou tentar controlar os resultados. Se a pessoa ajudada seguir em frente feliz sem falar nada passa a ser ingrata. O que era mais importante a pessoa ser feliz ou você ficar com o ego massageado?
Como é para você esse trabalho de se imaginar na pele dos outros? Qual impacto que isso já teve em sua vida e daqueles que estão ao seu redor?
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