Eu gosto de nós dois, sabia?

Isso não é uma declaração de amor. Não é e nem poderia ser; vamos combinar. Nós já não temos mais idade, hormônios, nem cara-de-pau para nos declararmos assim, antes de comermos hambúrguer juntos, tomarmos banho de mar e caminharmos uns bons quilômetros de mãos dadas até você perceber que eu tenho TOC de passar pelas linhas pretas sem pisar.

Sei bem que não há tempo certo para nada, mas sabe como é: eu já ando meio exausta de gastar meu português com paixão precipitada. Sempre fui meio imprudente, já estou meio calejada, mas com você é engraçado: está gostoso esperar. Com você, sei lá por que, eu tenho medo de errar.

Eu quero caminhar. Eu quero conhecer você. Quero conhecer seu amigo Will, sua prima Duda e seu cachorro Bill. Nem sei se são esses os nomes deles, mas é importante que você saiba que inventar nomes é só mais uma mania estranha dessa minha porção infantil.

Quero saber de você e te contar da minha vida. Quero te contar da minha infância e da cicatriz nas minhas costas. Quero fazer piada com a covinha do seu queixo e o tamanho da sua mão porque reparar em coisas bobas é só meu jeito desajeitado de dizer que eu gosto da sua companhia. Eu gosto mais do que gostaria. Eu gosto muito. Eu gosto muito de você e dessa sua covinha.

Não sei se é coisa da minha cabeça, mas eu acho mesmo que a gente combina. Combina muito. Combina mais do que aquela sua camiseta verde que eu elogiei esses dias. Combina tanto que eu vou com calma. Não quero que passe logo. Quero conseguir dizer que suspeitei desde o princípio que com você alguma coisa era diferente. Quero dizer que eu te conhecia pouco, mas já gostava de nós dois, sabia?

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