Uma homenagem à sua leveza

Você não imagina o quanto é difícil começar a escrever os meus textos complexos, quando eu quero dedicar algumas linhas a falar da sua simplicidade. Eu, que sou acostumada a buscar emoções arrebatadoras para começar os meus textos e para guiar a minha vida, não consigo achar as palavras para falar do que você tem de mais charmoso: a sua leveza.

É difícil conter as palavras compulsivas, as frases fortes e as minhas hipérboles. Mas é extremamente fácil lidar com você, deixar que você me envolva e me faça perder o tempo, a noção e a máscara quando as nossas piadas se complementam e as nossas mãos se unem.

Você entrou na minha vida quando eu não queria que ninguém invadisse meus problemas e simplesmente fez com que eles desaparecessem sem pedir minha autorização. Sua gentileza acabou com a minha ignorância, sua simplicidade afastou a minha falta de coerência e a sua leveza, ah, a sua leveza. Ela fez com que eu percebesse que sentir sua falta pode ser gostoso, que fingir que enganamos alguém pode ser divertido e, principalmente, que a minha intensidade pode ser burra.

Sua leveza foi me conquistando. Eu me arrisco a dizer que ela me surpreende a cada dia. Não que você não tenha um bom papo, um belíssimo sorriso e uma capacidade imensa de me fazer rir. Mas tudo isso, e muito mais, está envolto numa leveza que consegue me manter prestando atenção em cada detalhe seu.

É ela que te faz conseguir sentir amor pelos animais, pela música e pelo mundo, sem que você se torne a pessoa mais extremista que já se conheceu. É ela que faz com que você consiga ser muito culto, sem que seja chato. É ela que te fez invadir a minha vida e, bem devagar, me fez te esperar ao final das aulas e começar a escrever esse texto.

Mesmo encarando seus problemas, você consegue ser leve. Você simplesmente diz que não vale a pena se preocupar e não se preocupa, como se a sua leveza ditasse a velocidade das coisas do mundo. E, eu sei, é isso que acontece.

Foi assim que você entrou na minha vida. Leve, despreocupado e com uma tranqüilidade que me emociona. É como se no meio de um deserto, se pudesse sentir uma brisa. Como se em meio a uma tempestade, se pudesse tocar o silêncio. Como se no frio do inverno, se pudesse abraçar os raios do sol. Como se, mesmo depois tantas comparações, não se tivesse chegado nem perto da real sensação e como se isso não fizesse a menor diferença.

Não sei o que seria de mim sem os olhos de lince, os balõezinhos com observações críticas nos meus textos. Amizade cheia de caminhos tortos, mas pra Guimarães Rosa nenhum botar defeito.

Eu estou tentando manter a calma e lembrando de você sempre que a minha compulsão parece querer surgir e atrapalhar tudo. Mas, lá no fundo, eu sei que assim como eu admiro sua calma e quero rouba-la pra mim, você me viu intensa. Uma intensidade mais leve, mas que não deixa de ser intensidade nem nas linhas de um texto que é pra te dizer o quanto eu gosto da sua leveza.

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