Los Hermanos: a beleza da contradição

Não tem por onde começar a escrever sobre Los Hermanos. Talvez porque, nos versos e cifras deles, tudo já seja meio ou fim.

É uma banda de amigos de faculdade como tantas outras. Que agarrou nas suas mãos as rédeas sobre a sua própria trajetória como poucas. Marcelo Camelo, Rodrigo Barba, Rodrigo Amarante e Bruno Medina fizeram com que uma geração inteira aprender que dá pra ganhar, mesmo que perdendo, quando decidiram não estar juntos todos os dias para estarem juntos pra sempre.

Los Hermanos é inverso poético. Escreve sobre o vencedor que esconde o coração e que procura abrigo, mas não deixa ninguém ver. Sobre o amor que circunda quem “não é muito de ganhar” e só quer viver em paz. É quem fala de idade com a leveza de quem “gosta do gasto”.

É a beleza da contradição. A voz de uma geração que não quer ser rotulada por guitarras ou tamborins. Uma geração que é tudo ao mesmo tempo e pra quem escolher pra sempre não existe.

É o bálsamo de delicadeza (“golpe de pincel” é das expressões mais bonitas que já ouvi) e de vida real pra aqueles que vivem uma felicidade virtual. É a barba ganhando doçura quando escreve sobre a flor, é a guitarra ganhando leveza quando faz um samba.

Não há como começar a escrever sobre Los Hermanos, porque no fim, eu escuto a tudo vira começo. Parece que ouvi pela primeira vez, sempre. É a banda que não existe mais falando sobre sentimentos que existem desde sempre. Los Hermanos é voz e cara de todos nós e, ao mesmo tempo, de cada um.

É a banda que fez toda uma geração querer que todo mês fosse outubro, pra vê-los no palco, juntos. E, ao mesmo tempo, fez entender que o carnaval (mesmo quando fora de hora) tem seu fim. E que esse pode ser só mais um começo.

“Olha lá, quem sempre quer vitória e perde a glória de chorar”

“Que o acaso é amigo do meu coração”

“Eu sei, é o amor que ninguém mais vê”

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