Não busco mais um amor; busco paz

Hoje a calmaria é minha vizinha de porta. Não busco mais um amor; busco paz. Se isso vier em forma de amor, confesso, no maior tom de alegria, que tirei a sorte grande. Amar para mim virou algo sereno, simples, complementar. Quando chego em casa, depois de um dia cansativo de trabalho, não espero beijos apimentados ou massagens com óleo de Aloe Vera. Me basto com um jantar simples, um beijo, um filme e um boa noite quentinho. Isso é a calmaria! Diferente de como muitos dizem, ela não é monótona, mas sábia o suficiente para guardar a alegria numa caixinha que cabem tanto dois.

Há alguns anos, provavelmente eu não hesitaria em dizer que só gostaria de viver um amor que não me coubesse nome; criar termos seria algo pequeno demais. Queria me apaixonar loucamente, me jogar da altura que fosse, me perder na emoção e dizer para quem quisesse ouvir: “Eu nunca senti isso!”. Queria viajar loucamente, beijar loucamente e fazer loucamente todas as coisas que caberiam loucamente como um bom adjetivo ao final de uma ação.

Acontece que vivi, me joguei e, na maioria das vezes, me machuquei. Às vezes a dois, às vezes sozinho, mas passou. Minha euforia virou, neste momento de vida, passado. Agora me apego em outros detalhes que me fazem par de uma alegria mais calma. Acontece que não quero mais discutir por migalhas, não quero queda de braço com quem tem uma opinião contrária à minha, não quero gastar munição com quem digo amar. Amores loucos não me preenchem mais como antes. Na maioria das vezes, eles me sufocam, me dão preguiça, me fazem lembrar que eu morro no final da história.

De doce quero o dia a dia; de revolto, somente a nossa vontade conjunta de lutar pela nossa felicidade. Hoje, só quero paz no amor, no trabalho e nas conversas que tenho comigo antes de dormir. Caso tivesse essa sorte, aceitaria de braços abertos um amor que tenha todas as vogais e consoantes da palavra que hoje mais me traduz: leveza.

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