Assistir “Her” é um alerta ao coração

Um presente do cinema. “Ela” consegue desviar da sina de um Sci-Fi sem coração e se lapida como um filme romântico, profético, cheio de delicadezas e agonias. Num futuro não muito distante os sistemas operacionais dos computadores ganham características como tons de voz personalizados munidos de autonomia para cuidarem de nossas vidas virtuais, alertando-nos sobre um email importante, ou fazendo cruzamentos de dados para que a partir denossas tendências eles saibam nos entender melhor. Esses sistemas conseguem também evoluir, e o resto eu não posso mais contar.

Joaquin Phoenix injeta verdade na relação que constrói com o seu sistema, feito pela voz de Scarlett Johansson , papel que ironicamente talvez seja o melhor de sua carreira. Não sei bem explicar, mas consigo imaginar qualquer um de nós envolvidos em uma história assim. Nós que hoje somos acordados por celulares, nós que só dormimos ouvindo a televisão ligada, nós que namoramos a praticidade dos eletrônicos. Interagir com o que não existe, uma subjetividade tão possível quanto assustadora, o amor vivendo sua virtualidade até as ultimas conseqüências.

O longa do diretor SpiKe Jonze alem de produzir algo lindo e tocante ainda vai bem em seus atributos técnicos, com uma trilha feita pela banda Arcade Fire em um piano que além de nos enfeitar traz uma impressão tecnológica. As cores e os figurinos trazem cores afetivas, mais vivas inclusive do que as relações propostas pela história. A normalidade do universo criado, a naturalidade com que os personagens falam de suas vidas amorosas, tudo colabora pra uma entrega de quem assiste, ela é necessária.

Penso num mundo onde o toque físico talvez se torne coisa rara, em que sair do conforto de uma tela se transforme em algo insuportável, e então às relações talvez sigam por um caminho trágico de afastamento, uma distancia com o sabor de hoje, o avanço que retrocede até a falta de calor. Assistir “Ela” é um alerta ao coração, uma mensagem do amor em teclas, que bate e assusta, que nos arranca lagrimas de tão real em sua inexistência.

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