
O que acha de recomeçarmos?
Que tal trocarmos essa nossa falta de paciência por uma daquelas danças embriagadas que costumávamos inventar sobre o tapete da sala? O que acha da ideia? Genial, né? Eu sei!
E já pensei em tudo: beberemos algumas garrafas de saquĂŞ, colocaremos Modern Love para repetir na vitrola e dançaremos como alucinados atĂ© que o maldito despertador toque para avisar que já Ă© hora de acordar; aĂ, sĂł para contrariar o que – como robĂ´s – temos repetido todas as manhĂŁs, desligaremos o filho da puta, nos esconderemos sob o edredom e lá ficaremos atĂ© percebermos que essa ideia de separação nĂŁo passa de uma total idiotice.
O que acha de trocarmos essa nossa intolerância por uma viagem como aquelas que fazĂamos quando tatuar os nossos sorrisos em polaroides – e colecioná-los em caixas – nos parecia a Ăşnica coisa realmente importante? Duvido que nĂŁo tenha gostado da sugestĂŁo!
Fazemos assim, Ăł: diremos aos nossos chefes que estamos com conjuntivite – ou dengue, ou ebola, ou câimbra no coração -, colocaremos o álbum Half The City para tocar no som do carro e viajaremos atĂ© que nĂŁo haja mais combustĂvel no mundo. Ou atĂ© que o nosso amor acabe e, finalmente, exista a mĂnima razĂŁo para o fim da longa estrada que construĂmos juntos.
Que tal trocarmos essa nossa estupidez por um daqueles piqueniques que nos deixavam por semanas com medo da balança? Hein? Podemos fumar unzinho, deitar sobre aquela canga que vocĂŞ trouxe de CaraĂva, procurar desenhos em nuvens ao som de Summer Wine e, depois, para assassinar a larica que certamente virá, comer muitos pedaços de queijo brie. E uns brigadeiros. E umas cerejas. E uns Ovitos. E uns bombons. E umas…
O que acha de trocarmos essa nossa desconfiança sem sentido por uma daquelas baladinhas doidas que comumente terminavam com um de nĂłs – eu, geralmente – dando cambalhotas sobre a pista de dança? Nada mal, nĂ©? Vamos achar uma festa que sĂł tocará hits dos anos 80 e, quando rolar All Together Now , nos beijaremos sem se importar com o gosto de cerveja das nossas bocas ou com a Terra que estará girando veloz como nunca. Vamos nos beijar atĂ© que, de repente, Eye of The Tiger tocará para me incitar a começar a socar o ar como se eu fosse o Rocky Balboa possuĂdo pelo Capiroto.
Que tal recomeçarmos do dia em que deixamos nossas crianças interiores de lado e começamos a viver demasiadamente a sĂ©rio? Que tal recomeçarmos das noites em que, para ficarmos mais tempo juntos, pedĂamos saideiras atĂ© que o garçom nos varresse para fora do bar?
Que tal recomeçarmos do instante em que me vocĂŞ disse, com todas as letras e sem álcool no sangue, que nunca irĂamos parar de cantar Disritmia juntos?
Comentar sobre O que acha de recomeçarmos?