Por onde anda o nosso fogo no rabo?
É domingo, são 4:04 a.m e estou acordada. E sóbria. Passei a noite de sábado vendo a animação nova da Netflix – aquela dos mesmos criadores dos Simpsons, inclusive recomendo -, bebendo chá de canela e ouvindo Bee Gees. Seria um sábado perfeito pra a minha tia – ou nem pra ela – mas é o sábado de uma jovem comum de vinte e quatro anos do século XXI.
Não sou exatamente antissocial e até tive dois convites pra festas hoje, mas estava com preguiça; tudo o que tenho feito é sentir preguiça social e conhecer pessoas que sentem preguiça social. Onde foi parar o nosso fogo no rabo?
Parece que as pessoas estão passando de Bob Esponja a Lula Molusco na velocidade da luz. E estão trocando bebedeiras épicas por filmes repetidos, madrugadas na festinha por madrugadas nos stories ou vendo documentários de natureza no National Geographic, viagens por férias inteiras maratonando jogos de video-game, encontros por séries de comédia, reunião de amigos por jogos online ou por aquela coisa maravilhosa de se fazer que é: absolutamente nada.
Até agora não tenho muito do que reclamar da velhice precoce, a não ser pelas dores nas costas e pela gastrite que ataca quando bebo muito café porque tenho prazos atrasados. É bom estar guardadinha em casa nessa madrugada fria, e eu realmente não gostaria de trocar isso por um lugar com muita luz e pessoas e drogas, mas, devemos ter alguma cautela ao nos perguntarmos: Por quê?
Por que temos preguiça da juventude, do flerte, das experiências, da vida à flor da pele? Por que temos preguiça de novos amigos e novos amores? Será que realmente não sentimos a mínima falta e uma diversão genuína, daquela boemia, daquele violão, daquelas risadas de doer o maxilar, daqueles rolês épicos que você para e pensa “meu deus, como vim parar aqui?”, de não se lembrar como voltou pra casa, das viagens não planejadas, dessas coisas que só temos feito uma vez por ano porque estamos ocupados fazendo cosplay de velhos decrépitos na casa dos vinte?
Não tenho respostas, e você provavelmente também não, mas uma nova amiga que conheci em um maravilhoso acesso de não-preguiça social (mentira, foi numa viagem de trabalho, desculpa mundo) me disse que a preguiça é um sentimento secundário e que deriva do medo.
Logo, o que temos não é preguiça da vida, é medo da vida.
E, convenhamos: temos lá nossas razões.
Esse texto reflete muito na realidade de hj. As pessoas deixando de viver a vida real para passar horas olhando para a tela de um celular. NÃO ESTÃO APROVEITANDO A VIDA DESSE JEITO. Perdemos momentos incríveis por estar ocupados demais dando likes ou comentando a vida dos outros que acabamos por ver que as nossas vidas está se esgotando e não fizemos nada de interessante.
Na real, admiro muito o Tiago Iorc por ter largado tudo isso e está vivendo muito mais o presente sem celular ou qualquer acesso as redes sociais. Devíamos fazer mais isso.