Rabiscando a parede com a nossa história
Em casa éramos só nós. Casa vazia e almas preenchidas. Brincávamos de se beijar e rolar entre as paredes do meu apartamento. As estantes e prateleiras nos olhavam com inveja daquela troca de saliva e alma. O chão acolhia nossos pés e as paredes abraçavam o nosso amor repentino e imoral. Entre os beijos eu riscava teu corpo com meus dedos, carimbava tuas coxas com as minhas mãos e desenhava futuros em pensamentos depravados.
Por mim eu te possuía ali mesmo, não me importava com as estantes ciumentas, nem com os vizinhos invejosos ao ouvir teu canto íntimo, eu só queria mesmo ser feliz e dividir contigo essa felicidade rabiscada na parede branca de uma nova história.
Te pegava com as mãos e colocava no meu colo, você transava e trançava os pés na minha cintura e deixava-se levar pelo embalo do tesão mais sorridente que eu poderia te proporcionar. Sem receios e frescores você gostava quando eu colocava o dedo na tua boca e fazia-te olhar com semblante safado. Você gostava de tanta coisa que só eu sabia. Eu, e as paredes, todas elas rabiscadas com nossos corpos de pudores inóspitos e roupas omissas
Então éramos como uma caneta numa folha de papel, rabiscávamos orgasmos, desenhávamos sorrisos e escrevíamos histórias.
Nojento e abusador.