Uma crônica engraçada sobre por que as mulheres preferem os cafajestes

por Léo Luz

Eu acho (tenho certeza, na verdade, mas falar eu acho soa mais humilde) que uma das maiores dúvidas masculinas com relação às mulheres – depois da eterna dúvida em saber se ela teve um orgasmo e o nunca respondido mistério de como ela consegue andar de salto em rua de paralelepípedos – é entender porque as mulheres “preferem” os “cafajestes”. Com o perdão das aspas, mas não quis que parecesse que é a minha opinião. Até é, no caso, mas eu quis frisar. E eu, sem nenhum tipo de sentimento de culpa ou vergonha, assumo que sou um cafajeste. As mulheres nunca me preferiram, isso é fato, mas eu sempre fui um cafajeste.

Uma definição rápida de cafajeste para evitar qualquer mal-entendido: cafajeste não é o sujeito que trai, que trata as mulheres mal etc. “Cafajeste”, com aspas colocadas pelos que reclamam dos cafajestes, é aquele sujeito que é safado, que pode querer só sexo e assume isso. Que não é meloso, que não se anula, que é companheiro sem parecer um labrador adestrado pelo Encantador de Cães. Isto posto, respondo à pergunta do primeiro – e enorme – parágrafo. Se você se pergunta por que as mulheres preferem os cafajestes a você, a resposta é simples: porque você é chato, e eles (nós) não. É isso, simples, cristalino como água, mais claro que bunda de norueguesa.

Convenhamos: todos esses caras chorões que lamentam pelos cantos que são trocados por cafajestes são uns tremendos chatos. Quem os aguenta? Cafajestes são engraçados, legais, não tratam as mulheres como princesas medievais no alto da torre. Enquanto o mala a convida para um sarau de poesia concretista anarco-feminista, o cafajeste a chama para ver Máquina Mortífera XXV. E mesmo que ela goste de poesia concretista anarco-feminista, este não é um programa que se faça num primeiro encontro. Sim, Máquina Mortífera é.

Tem vezes que a mulher não quer que você componha uma música pra ela, ela só quer que você seja legal com o cachorro dela. Tem hora que ela não quer que você componha uma poesia de improviso sobre seus olhos castanho-esverdeados, ela só quer que você se recomponha e tenha outra ereção antes de o ar condicionado ficar frio demais e ela ter que recolocar a blusa. Há hora e momento para tudo, e a diferença entre o cafajeste e o mala, é que o mala acha que tem que ser romântico e meloso o tempo todo, enquanto o cafajeste sabe o momento de ser safado e o momento de ser romântico.

Se tudo o que ela quer é que você tire o sutiã dela e a morda no lóbulo da orelha (ainda se morde lóbulos de orelha?), não há porque você insistir em alisar a sua bochecha enquanto declara amor eterno. Há momentos para tudo. Quando ela quiser amor eterno, você promete. Mas quando ela quiser que você abra o zíper da sua calça, não ouse ignorar esta vontade. E o cafajeste não ignora. Se ela só quer uma noite de sexo, quem é você para julgá-la por não ter aceitado o seu convite para a Maratona de Cinema Mudo Iraniano do Dia dos Namorados? Se ela só quer usar um homem para leva-lo para a cama, quem é você para dizer que ela está sendo usada? Se o outro cara só quer ir para a cama com ela – e ela sabe e aceita isso – o que você tem a ver com isso? Qual o problema? Você não é melhor que ele só porque escreveu meia dúzia de poemas, comprou três caixas de bombom e fez uma serenata pra ela.

Enfim, a culpa de as mulheres gostarem dos – aspas – cafajestes, é toda dos outros homens, que agem como meninos de oito anos apaixonados pela professora de inglês de trinta anos. As tratam como bonequinhas que devem ser penduradas no berço e ficarem sendo só admiradas, e não como mulheres de verdade, com vontades e verdades, vontades essas que vão além do “flerta-namora-casa-tem filhos-faz bodas de ouro-conta a estória pros netos”. Mulheres podem sim querer só sexo, querer só uma aventura, querer só um cara que saiba desabotoar um sutiã rapidamente com uma mão só porque vocês estão ouvindo passos na escada, e não um sujeito que chore com frase de bilhete da sorte de fast food chinês enquanto ela está nua na cama o esperando. A culpa é toda de vocês e vamos parar com essa choradeira, porque as únicas mulheres que gostam de homem chorão são as psicanalistas.

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