Você aí segurando o coração: levanta a mão que isso é um assalto, porra!

por Fábio Chap

Era assalto. Os caras estavam fortemente armados. Por impulso, eu gritei:

Não mate a moça!

Desculpa a sinceridade: torci para que eles assaltassem a velhinha de bengala e, quem sabe, até passassem a mão na bunda dela. Que levassem todos os dvd’s pornô do vendedor que ali estava. Que agredissem o nerd e batessem com o Game Boy na cabeça dele. Mas, digo de peito aberto, fiz de tudo para que eles deixassem a moça em paz. Aquela mulher merecia o melhor do mundo. Uma mulher que… ai, meu coração.

Minha mente bem que podia estar processando mil e treze informações naquele momento. A vida, essa que chamo de minha, poderia ter virado um filme – não sei se do Woddy Allen ou do Lars von Trier –, só que não.

Meu pensamento era um só: Se ele matasse aquela mulher, eu me tornaria parte das estatísticas. Seria mais um a entrar para o hall daqueles que tiveram um amor à primeira vista que não deu em nada.

Atordoado com tudo aquilo, precisei pensar rápido. Tomei coragem, puxei ar do fundo da garganta e gritei:

– Não mate a moça; mate a mim!

A minha lógica era só uma: assim eu poderia amá-la até morrer.

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