6 motivos para agradecer a Sandy pelas mulheres que somos hoje

por Marina Melz

Todas nós somos amigas íntimas da Sandy. Eu, você, Fernanda GentilManu Gavassi (gata, invejei muito isso aqui). Todo mundo ensaiou como seria conhecer o Junior, tinha pastas com todas as revistas que saiam com qualquer notinha sobre a vida dela. Sabíamos todas as músicas, nos postávamos em frente às lojas esperando o CD novo chegar e quando ouvíamos o barulho da Capricho sendo entregue na porta de casa, novamente a esperança de que a capa seria com a nossa musa se reforçava.

Ao contrário dos ídolos de hoje, que chegam e em dois minutos já são substituídos por outro alguém, na década de 1990 a admiração era quase exclusividade de um artista. Sem internet, morando no interior do país (onde os CDs, toalhas, colchas e revistas eram todos caríssimos) não era possível gostar de Backstreet Boys e N’Sync. Era ou um, ou outro. No meu caso, não houve outro.

As músicas cantadas eram as mesmas por meses. Meu chuveiro, coitado, já sabia praticamente todas as letras que dependiam do humor. De “esse turu-turu-turu aqui dentro” quando estava apaixonada, até “o que é imortal não morre no final” quando estava sofrendo.

Vá escutando enquanto lê:

Meu pai até hoje ri quando lembra de uma briga que tivemos porque ele não quis comprar algo com o rosto da Sandy pra mim. Chorando, eu disse a ele que “nunca deixaria de gostar de Sandy e Junior”. Depois tive outras fases, claro, mas enquanto ele ri eu penso no quanto é tolo acreditar que essa paixão passa um dia.

Eu admiro as mulheres que queimaram sutiãs na praça, as artistas plásticas revolucionárias e todas aquelas que me permitiram trabalhar e ter minha liberdade sexual assegurada. Mas foi ela, Sandy, quem formou a minha personalidade na adolescência. E provavelmente a sua também. Não há o que se envergonhar. E eu vou te dizer o porquê.

1 – “O que é imortal não morre no final”

É isso aí. Se acabou é porque não era imortal. Você chorava pelo gatinho da sétima série que te deu um fora e a Sandy dizia, no seu ouvidinho “eu vou seguir o meu caminho e te esquecer, pensar um pouco em mim tentar viver”. E você se sentia humana, porque se ela sofria você também poderia sofrer. E se ela seguir o caminho dela, por que não seguir o seu? ;)

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2 – Seu irmão é seu passado e seu futuro

Tudo bem, lembrar daquela foto que todo mundo tem com a Sandy e o Junior cantando Maria Chiquinha não deve ser mais tão agradável assim. Mas todo mundo tem passado e rir dele é sempre o melhor remédio. Ela não tem vergonha do passado, ama publicamente o irmão e sabe que nele está a pessoa que representa o que passou e o que está por vir. Às vezes a gente tem um pouquinho de vergonhinha (não somos soberanas como a Sandy!), mas a nossa musa está aí pra comprovar que família a gente não escolhe, mas aproveitar o que ela tem de melhor é uma opção só nossa.

3 – Experimente-se

Além de cantora, Sandy já teve um seriado (em que ela vivia ela mesma e namorava com seu namorado na época), já fez novela, já fez filme, já apresentou reality de MMA e foi jurada do Superstar. E os nossos pais querendo nos convencer de que teríamos que escolher uma profissão aos 17 anos e lidar com ela a vida inteira. Sandy pela experimentação!

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4 – Seu corpo é seu e você faz com ele o que quiser

Ué, mas a Sandy não gerou várias polêmicas sobre virgindade? Exatamente. Numa época em que as revistas ensinavam que nós poderíamos transar, sim, com quem a gente quisesse, Sandy declarou publicamente e várias vezes que era virgem. Liberdade é aceitar o diferente e saber que você pode transar com quem quiser, mas também pode não querer. E não há motivo para vergonha ou para discriminação.

Sandy me ensinou a máxima maior do feminismo: dar liberdade para a mulher é deixá-la escolher o que quer fazer, não obrigá-la a agir de uma maneira ou outra.

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5 – Sandy cresceu e os dilemas também (junto com os nossos)

OK, nem todo mundo acompanha. Mas as músicas cantadas por ela continuam sendo a minha voz. A diferença é que, se antes eu fazia de conta que não gostava para agradar aos outros, agora assumo que ouço, sim. E aprendo como sempre. #SandyMeRepresenta

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6 – Danem-se os outros!

Tudo, absolutamente tudo que a Sandy fez, faz ou fará se torna página de revista de fofoca – quando não capa ou post com acessos aos milhões. Quando voltou com o primeiro namorado, quando engravidou (gente, a virgindade era aos 15, OK? Deixem a garota em paz!), quando pintou o cabelo de loiro, quando saiu pra jantar com o marido e o filho. E mesmo assim, com todo esse circo, Sandy continua linda, diva, simpática e totalmente incrível. Se ela, com mil fotógrafos atrás o tempo todo, não se importa com o que os outros pensam, não é você que vai se importar, né?

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OBS: Sandy, agora que eu já me declarei, tenho um pedido pra te fazer. Solta o play e me chama pra dançar?

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