Dói amar o sentir
Dói sentir o amor. Dói amar o sentir. Dói ter que matar a saudade com a própria saudade. Saudade essa, que digo a todos que já esqueci, mas nunca deixo de lembrar que já esqueci.
Saudade apertada, tão cabível à minha realidade. Saudade que some. Que soma. Saudade de mãos coladas e pensamentos distantes. Que desfibrila o amor e dá razão a quem não tem. Que esvazia e transborda sem avisar. Saudade que pede, implora, calma e recebe alma.
Brinco de sentir como se fosse a primeira vez. Absorvo os olhares das pessoas na rua, e como se fosse possível, sorrio para elas como se caminhasse sozinho, sem a saudade. Saudade que desconhece o cotidiano, não lembra dos meus afazeres, nem pergunta se é bem-vinda. Somente ecoa e brinca de ser inconveniente. Inunda meu pensar, me seduz e vai embora.
Ah, se essa saudade chegasse mais adiante… Me sobraria dor. Me sobraria amor. Me sobraria uma poltrona vazia de uma dor passageira. Me sobrariam olhares com resquício de aprendizado; do vivido e do sonhado.
Amo sentir e admitir que amores são sempre amáveis, mesmo aqueles que insistem em transformar pranto em canto.
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