O que falta para você amar de verdade? – Um texto sobre o amor e a sabedoria
Muitas pessoas me pedem todo tipo de conselho sobre suas vidas amorosas. Mais do que responder se deve ou não deve, eu recomendo que reflitam como suas escolhas dentro de um relacionamento amoroso reflete suas visões de mundo.
Vivemos numa época de culto à emocionalidade. Para parecer feliz aos outros é esperada certa dose de euforia e aceleração. Sem isso as pessoas julgam a outra lerda, apática ou infeliz. A vida realizada tende a ser vista com uma sucessiva atualização de status em redes sociais que beira um confessionário estranho, tudo é compartilhado sem muito critério.
Na vida amorosa isso também se reflete, pois sobram demonstrações de afeto, carinho, desejo e poesia, mas falta uma dose grande de sabedoria e racionalidade.
Nesses pedidos desesperados de ajuda o que vejo não são pessoas com problemas amorosos, mas sim com total falta de critério para tomar decisões pessoais. Fica clara a impulsividade e o certo egocentrismo (mascarado de verdades do coração) nas decisões.
A pessoa que a qualquer custo, num dos muitos exemplos que lembro, que a outra faça coisas irrealizáveis para um ser humano. Demanda atenção exclusiva durante vinte e quatro horas ou promessas de amor pouco factíveis (apenas na medida que vão acontecendo) como amor para a vida inteira ou garantia de que nada vai mudar. Elas só não pedem que a pessoa amada faça parar a chuva pois não lhes ocorreu, se não pediriam.
Existe uma total falta de eixo próprio no que se refere a tomar decisões de longo prazo, não existe lá na frente, mas só aqui e agora. Muito menos existem outras pessoas, que sofrerão os efeitos de decisões ruins, apenas a si mesmas.
Essa cegueira para o futuro e os outros é o principal efeito dessas decisões sem nenhuma base de ponderação. O efeito é sempre desastroso, depois de um tempo vêem-se pessoas destruídas emocionalmente, desiludidas e alegando que o mundo é um lugar cruel.
Se olhasse pra trás, com sensatez, certamente poderia ver a si mesma com menos passionalidade e perceber quanta escolha foi feita sem profundidade usando argumentações de botequim.
Amor não falta, o que falta é sabedoria, já que sem ela uma potência como o amor pode ser mais letal do que benéfico.
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