Tá, qualquer coisa te aviso
E ela não me avisou.
Eu esperei, mas ela não avisou.
De novo esperei por um aviso que não chegou. Esperei porque a gente sempre acha que na próxima vai dar certo, né?
Ah se ela soubesse o quanto fiquei ansioso por esse aviso. Justamente esse aviso que não chegou.
Quando a gente planta uma expectativa na vida de alguém, a gente deve prever que uma hora a colheita será feita.
Mesmo assim, seguimos plantando. Eu tinha bastante expectativa pelo aviso dela. Poxa, ela disse que avisaria. Não ficou claro com o “qualquer coisa”, mas ficou subentendido que estava mais perto de acontecer do que de não acontecer. Ou será que era só eu querendo isso? Pode ser. O “qualquer coisa” demonstra a indecisão. Problema meu acumular expectativa. Escrevendo assim parece fácil, né? Não é não. Qualquer um no meu lugar ficaria ela.
Ela nem faz ideia do quanto eu esperei por esse aviso, do quanto li esse “qualquer coisa” como se fosse “até o fim da semana”. E o fim da semana chegou mas o aviso não. Eu já deveria ter aprendido, mas a gente teima.
É que eu pensei que, talvez, o famigerado aviso chegaria em forma de “quer fazer algo hoje?” – que na verdade nem é um aviso, mas sim uma pergunta. Seria mais seguro, portanto, esperar por uma pergunta? Algo tipo: “tá, qualquer coisa te pergunto”. Não faz sentido. Se ela indicou que avisaria, significa que falaria comigo, independente do modo.
Bem, são dois fatos: eu esperei o aviso; o aviso não chegou. Talvez ela tenha avisado outra pessoa, né? Isso pode ter acontecido. A vida tem dessas.
Ela não me avisou. Pelo menos não o que eu esperava ser avisado. Me avisou, porém, sem precisar avisar nada, sem usar uma palavra sequer. Contudo, se eu mudar o modo de ver, posso entender que esse aviso eu nem merecia receber, isto é, foi até bom ela não avisar, porque desse modo a gente já se despediu sem ter se encontrado. Que pena. Ou não. Tá, não precisa fazer sentido.
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